sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Um casamento em Alcântara




Nunca mais tinha entrado nesta igreja - a paroquial de Alcântara – depois de um casamento. O do Zé Manel e da Isabel, admito que sem flor de laranjeira – a memória não dá para tudo –, mas com algum pagode à volta, pois éramos muito gozões. Aquilo parecia quase irreal, para os mais próximos, os amigos do casal, igualmente muito próximos na idade, com vivências ousadas numa fase que antecede de perto o 25 de Abril.
Nenhum de nós, os próximos na idade, laicos de todos os costados e não apenas de sete, imaginávamos vê-los a casar numa igreja, depois de muitos Marxs e outros que tais lidos e discutidos. Mas havia uma boa razão, que todos compreendemos: a saúde debilitada da mãe da Isabel, mãe de muitos outros filhos, sem um só que não tivesse casado pela igreja. E a senhora muito penaria com uma exceção que agora se abrisse.
Claro que, no decurso da cerimónia, nos olhávamos com ar de caso, de gozo mesmo, sobretudo reparando nas reações – na falta de jeito para aquilo - do Zé Manel, penando com aquele compromisso histórico entre as convicções e as conveniências. Sem prejuízo da nossa compreensão, muita.
No decurso da cerimónia atámos latas e mais latas ao veículo dos noivos, de forma bem dissimulada, veículo com que na véspera se fez um peão em plena Calçada da Tapada, rua da igreja e da casa dos pais do Zé Manel, e com o risco de sérios inconvenientes para a cerimónia do dia seguinte. Depois foi só apreciar o efeito até ao restaurante Cova da Moura, para um… fondue de carne.
A malta era mesmo original, no mínimo diferente e muito gozona…
Já agora: só ontem reparei como a igreja é bonita, muito bonita. Uma Basílica da Estrela em ponto pequeno. Na altura estava muito distraído com outras coisas...
 

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