segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Celta do Álvaro dos Pastéis de Nata


O Celta é o comboio que faz Porto-Vigo sem parar, sempre a andar. Melhor: é obrigado a parar porque circula em via única sendo, por isso, obrigado a parar nalgumas estações, para dar passagem aos comboios  que circulem em sentido contrário. Só que não é permitido receber ou largar passageiros. E qual a razão? Porque assim quis, contra a opinião e os interesses da CP, o então ministro Álvaro Santos Pereira e, claro, o governo que integrava e que é o mesmo que continua a tolerar a situação.
Agora, passados 9 meses, um comboio com capacidade para 230 pessoas circula com uma média de 26 passageiros por viagem, acumulando prejuízos superiores aos de outras linhas que foram encerradas pelo mesmo governo com o pretexto de não serem rentáveis. Mas, apesar disso, insiste-se em não permitir que o comboio sirva localidades como Viana do Castelo, Darque, Caminha, Valença, onde é obrigado a parar.
Contas feitas por defeito pelo jornal PÚBLICO – porque a CP recusa divulgar os resultados – esta linha terá um défice mínimo de 1,2 milhões de euros até agora.
Despesismo? Má gestão? Falta de jeito? Coisa nenhuma. Esta canalha seria sempre incapaz de reconhecer tal.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

"À Procura do Sugar Man"

Malik Bendjelloul e Sixto Rodríguez
 
De Sixto Rodríguez, numa altura em que a sua música era arma na África do Sul na resistência ao apartheid, constava que já não estaria então no mundo dos vivos, pois teria morrido de uma overdose ou mesmo se suicidado em pleno palco. Ninguém sabia de Rodríguez que, aliás, estava afastado das músicas há dezenas de anos, por desinteresse ou falta de fé nos seus méritos, depois de ter gravado dois álbuns.
Para Malik Bendjelloul o caso era caricato. Como era possível nada se saber de um músico tão apreciado na África do Sul, sobretudo se era vivo ou morto?
À Procura do Sugar Man relata a odisseia de quem nunca desistiu de pôr termo às dúvidas e, com isso, ter feito história.
Quando encontrou Rodríguez, então a trabalhar na construção civil, convenceu-o a fazer um concerto na África do Sul que se transformou num turbilhão de emoções, sobretudo para Rodríguez, muito longe de imaginar ser tão apreciado, de ser um ícone para milhões a viver tão longe do país, o seu, em que estava pura e simplesmente ignorado.
O documentário À Procura do Sugar Man ganhou o Óscar da sua categoria em 2013.
Por tudo isto é muito triste saber que o suicídio de Malik, encontrado morto na passada terça-feira, aos 36 anos, não é um boato como era o de Rodríguez.
Felizmente recuperou-nos Rodríguez, mas vai fazer muita falta.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Escreve Zé Cagarra


Sem que nada adiante às questões de fundo, mas naquele jeito de pessoa cruel, má e vingativa a que sempre nos habituou, o manhoso veio agora perguntar no facebook o que dirão agora, garantida que está a saída limpa, aqueles que antes acreditavam ser necessário um segundo resgate ou, no mínimo, um programa cautelar. E sugere mesmo a leitura do prefácio de um seu roteiro onde justamente admitia a saída com um programa cautelar - "uma rede de segurança" (sic) - como uma das hipóteses. Que não saiba o que diz, a gente entende. Que não saiba ler o que escreveu ou que alguém escreveu por si é que se torna perigoso, mesmo que nos tenhamos habituado a identificar nele mais apetência para a vida das cagarras das Selvagens, a par do enlevo com que olha as vacas que riem nos Açores, do que para o exercício das funções que era suposto estarem ao seu cuidado.
Claro que não será com estas bicadas no facebook que verá concretizados os seus apelos ao consenso. Muito pelo contrário. E tudo indica que acabará os seus dias na magna tarefa de listar as diferenças entre a vida amorosa das gaivotas e a dos pombos que por ali voam nas imediações do palácio.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O discurso de um canalha


Citações do discurso de um canalha, feito com papel higiénico na mão, não fosse a “saída limpa” ficar borrada:
“Quando em 2011, o Programa de Assistência foi negociado, o Governo de então pôde beneficiar do apoio dos principais partidos da oposição, apesar das nossas discordâncias. (…) Infelizmente, quando foi preciso cumprir o Programa, um apoio idêntico não existiu.”
Coisas a lembrar a um vulgar filho da puta:
- Houve um canalha, um grande canalha, que fez do Programa da troika o seu Programa. Mais: afirmou mesmo que iria além dele. Sendo assim, queria o apoio de quem, a não ser de um canalha filho da puta como ele?
- O Programa nasce do chumbo do PEC 4 em que o canalha teve papel ativo ao ponto de declarar não se importar, no seguimento de tal chumbo, de governar com o FMI. Para que queria então outra companhia, se já tinha escolhido a que lhe convinha?
- De qualquer modo, o canalha foi ao longo do tempo dispensando o acordo do PS. Então queixa-se do quê este filho da puta?
“o dia 17 de Maio de 2014 ficará na nossa história como uma dia de homenagem a todos os portugueses.”
“Não será o dia nem do Governo, nem de nenhum partido político. O dia 17 de Maio será o vosso dia”.
Eu basto-me com pouco: um tiro na testa do canalha e passará, de facto, a ser um dia a comemorar toda a vida.
“Foi para salvar o projeto político consensual e mobilizador destas quatro décadas – o projeto de uma democracia europeia, com um Estado social forte e uma economia social de mercado próspera – que executámos um programa tão exigente e tão duro como este que agora estamos prestes a concluir.”
Só mesmo um canalha filho da puta seria capaz de afirmar isto em cima de uma taxa de desemprego nunca antes conhecida, um empobrecimento generalizado, uma carga fiscal como nunca houve, um desinvestimento na saúde e no ensino públicos, a par de cortes nas pensões e nas remunerações dos funcionários públicos.
O programa só ficará devidamente executado com a execução de tal crápula, morrendo o bicho e a sua peçonha.
Citações retiradas do jornal PÚBLICO de 05-05-2014 e atribuídas a alguém que nunca deveria ter visto a luz do dia.