quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Magistratura activa sem princípio activo?



O diploma vetado por Cavaco pretendia fixar o princípio da prescrição dos fármacos através da designação do seu princípio activo ou da sua designação comum internacional (DCI). Mas deixando ao médico a possibilidade de, fundamentando, prescrever determinado fármaco.

Mas desde que anunciou uma futuro intervenção activa, Cavaco ficou sensível a este termo. De modo que entendeu dever mostrar ser mais activo que o medicamento e que o governo. E vetou.

Com o princípio activo do medicamento, ganhava o doente, que ficava com o direito de escolher, e o SNS. Com a magistratura activa de Cavaco ganham a poderosa indústria farmacêutica e muitos médicos que ainda lhe fazem jeitos a troco, por exemplo, de férias paradisíacas pagas por laboratórios.

Para o SNS estimava-se uma poupança de 250 milhões de euros com esta medida. Mas a isto só seria sensível quem, coerentemente, defendesse o estado social, a começar pelo SNS. E para isso não se pode contar com Cavaco e seus aliados.

2 comentários:

lino disse...

Por mim quero os medicamentos que os médicos receitarem e não os que derem mais lucro às farmácias. E sou eu que solicito aos médicos para trancarem as receitas quando não estão seguros do genérico. Os medicamentos têm mais componentes para além do princípio activo que podem interagir mal com outros medicamentos, pelo que qualquer um dos dos meus 6 médicos tem a lista de todos os medicamentos que tomo.
Abraço

A. Moura Pinto disse...

Lino
O diploma vetado permitia a prescrição específica de um fármaco, desde que fundamentada.
Por outro lado, o que leva a discutir a opção por um ou outro fármaco com o mesmo princípio activo são temas que melhor são dominados pelos farmacêuticos que pelos médicos, nomeadamente a bioequivalência.
Um dia, fixei a lista de fármacos a prescrever pelos médicos de uma seguradora, sobretudo entre analgésicos e anti-inflamatórios. Isto, claro, com a ajuda dos dois directores clínicos e a concordância dos médicos. Um deste, apesar disso, decidiu queixar-se à OM da minha atitude, porque de médico nada tenho. E ainda hoje aguardo que a OM me responda exactamente à questão da bioequivalência: quem a OM considera em melhores condições para a avaliar, se o médico, se um farmacêutico. E mantive a medida, mas não o queixinhas que acabei por saber quem era.
Quanto a quem lucra: enquanto as farmácias não produzirem fármacos, a margem em % fixa permite ganhar tanto mais quanto mais caro for o fármaco.
Um abraço