sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Leituras em dia: "Caligrafia dos Sonhos" de Juan Marsé



É difícil evitar a relação da intensidade e da autenticidade da linguagem desta obra de Marsé com o facto de se estar perante um relato que muito tem de autobiográfico.
E a isto acresce o ambiente de Barcelona, uma terceira personagem nas obras de Marsé, nos anos quarenta do século passado, época da sua infância e juventude e que ele descreve de modo bem distante do triunfalismo franquista abençoado pela igreja católica.
São vidas cheias de vida as que se relatam, em particular a do personagem central, Ringo, um alter-ego de Marsé.
É o primeiro livro que leio de um escritor consagrado, nomeadamente através da atribuição de prémios bem prestigiados, embora Marsé afirme que nunca um prémio produziu boa literatura. Mas, digo eu, em geral premeia o mérito.
Não posso agora perder outras oportunidades de gozo praticamente garantido, partindo para outras obras já traduzidas entre nós.

Faz hoje 15 anos



Andava por Florença, feliz. Um ajuntamento numa zona de um mercado de rua acordou-me para outra realidade. Uma emissora dava a notícia. Diana partira.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Contra as PPP...Prefiro o Santa Maria.

Quando esperava que estivesse em convalescença, eis que é o João quem me serve hoje a salada de bacalhau com grão. Porque o João deveria ter sido intervencionado ontem, no final do dia.
Mas não foi porque, depois de 12 horas de maca e de umas litradas de soro, o João foi recambiado para casa uma vez que, para uma intervenção programada, não havia anestesista. E se se tratasse de uma urgência?
Há cerca de 15 dias também eu fui às urgências deste hospital, por indicação do Centro de Saúde, uma vez que não estavam a surtir efeitos os tratamentos a uma unha encravada no pé direito (tudo me acontece à direita). Neste episódio de urgência, pago a 17.50€, ninguém olhou o dedo, encoberto com um penso, nem na triagem, nem na designada consulta. Aqui, o médico limitou-se a atirar o caso para uma consulta de cirurgia, a marcar, sem que se desse ao cuidado de avaliar se o caso era mesmo urgente ou não. No fundo paguei 17.50€ para me ser marcada uma consulta que, depois, tive de pagar.
E lá fui, dias depois, à tal consulta para voltar, por indicação da médica que observou o dedo, à urgência. Onde antes deveria ter logo ficado, porque a unha tinha mesmo que ser extraída, na urgência.
Juntamente com caso vivido noutra unidade parente desta, é caso para admitir que não vamos lá, mesmo com o Espírito Santo. Prefiro, de longe, Santa Maria.

Cronicando a vida (*)


 Parque junto ao rio da Costa - Odivelas
Olho-te, mas não experimento a amenidade de uma sombra, nem posso gozar do barulhar das tuas folhas apesar da brisa que corre. E quanto a folhas, apenas as por ti geradas poderiam suscitar o estender de um abraço, nunca as que te colasse e que não resistiriam à falta de seiva, por seca seres. Irremediavelmente.
Mas houve razões para de ti me aproximar e essas permanecem, razões do domínio do meramente racional, como é o caso deste efeito estético, de seres diferente de tantas outras iguais, lá ao fundo, mas sem, como elas, suscitares as emoções que fariam de ti a primeira. No fundo, são as emoções que nos (tr)amam.

(*) Porque a vida é uma desejável doença crónica.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

RTP, PS, Fonte Luminosa...


O serviço público de rádio e televisão deve destinar-se a garantir o pluralismo político, a permitir o acesso à cultura aos mais variados públicos, ser um espaço de informação independente, de promoção do país nas suas mais variadas vertentes...
Um serviço público de rádio e televisão deve ser tido com um fator imprescindível de coesão nacional.
Imaginar isto ao cuidado ou sob gestão de interesses privados é um atentado à inteligência, se não for uma deliberada canalhice.
Tem custos? Terá, embora se saiba que estava em curso um plano de sustentabilidade económica e financeira que apontava para o equilíbrio, a curto prazo, do grupo RTP. Mas, mesmo que assim não fosse, a democracia, enquanto um bem de todos, tem este inconveniente: o de ter um custo a suportar por todos.
Por tudo isto, António José Seguro não pode limitar-se a ameaçar repor o serviço público de rádio e televisão caso vinguem as intenções dos estarolas que nos governam. Tem que atuar já. Se necessário voltando à Fonte Luminosa.