sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A TSU e o Zé Fernandes


Depois de muitas opiniões e juízos parecia estabelecido o consenso sobre os efeitos da redução da TSU para as empresas. Mas faltava ouvir o preclaro e omnisciente e original José Manuel Fernandes, que faz questão de, no comentário, se comportar como o tal recruta que, na parada, é o único que leva o passo certo.
De facto, veja-se o que ousa escrever hoje no PÚBLICO: “Na discussão sobre a TSU também se formou uma estranha unanimidade. De repente toda a gente defende que um produto vai ficar mais barato (o custo do trabalho desce para os empregadores), mas que isso não terá qualquer impacto no consumo desse produto (ou seja, não se reflectirá nos níveis de emprego). Não imagino outro país do mundo onde esta unanimidade fosse possível.”
E é verdade: este país não merece este génio que consegue a ousadia de admitir que a redução administrativa do custo de um fator se transfere de forma automática para o preço a que o consumidor adquire um bem ou serviço. Mas, mesmo que assim seja, ignora este génio que quem consome leva uma facada de 7% no seu rendimento por lhe ser aumentada daquela percentagem a sua TSU? Se me reduzem o rendimento será que consumo mais pelo facto de baixarem os preços do que consumo? E que sabe mais este génio que os empresários não saibam, uma vez que são estes os primeiros a desvalorizar o impacto da redução da TSU no emprego? Não ouviu Fernandes a queixa de Belmiro, que indiretamente lhe paga as crónicas, sobre o efeito do aumento da TSU nas suas vendas?
Mas Fernandes é isto. E apesar de original ninguém o cita. E apesar de original ninguém o transfere para o humorístico Inimigo Público, local bem mais adequado para o lermos e o levarmos a sério.

Adenda
No jornal que Fernandes quase destruia quando foi seu diretor, lia-se em 12-09-2012 o seguinte: "Da conferência de imprensa realizada ontem no Ministério das Finanças surgiram ainda novos detalhes sobre a medida. Vitor Gaspar afirmou que o Governo está a preparar um mecanismo que torne muito penalizador para as empresas utilizar os ganhos da TSU para, por exemplo, distribuir dividendos aos accionistas, incentivando-os, ao invés, a investir e criar empregos".
Imagino o que diria Fernandes, naqueles tempos, se isto fosse um propósito de um governo de Sócrates. Mas Fernandes amansou, ou melhor, endurece quando lhe dá jeito. Facto é que esta medida, para Gaspar, só parece produzir efeitos com este tipo de "automatismos". Mas Fernandes entende saber mais da matéria, vá lá saber-se por que tipo de equivalências à Relvas.

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