sábado, 29 de setembro de 2012

As medidas do Zé Fernandes, à falta de melhor



José Manuel Fernandes  
“Tenho falado nos últimos meses com muitos economistas, incluindo com antigos ministros das Finanças, que conhecem os números e convergem quase sempre num ponto: assim não vamos lá. Curiosamente quase todos eles se inibem de tirar consequências, porque isso implica tocar em dois tabus, são esses tabus que temos que começar a discutir. O primeiro tabu é o da renegociação das dívidas, não que essas dívidas não existam, como dizem os viciados na despesa pública. Mas porque genuinamente não conseguimos pagá-las e elas condicionam demasiado o nosso futuro para podermos ter qualquer esperança.
O segundo tabu é o do abandono do euro, acabando de vez com a ilusão de que conseguimos ter a disciplina dos alemães. A nossa economia, para a nossa desgraça, não mostrou ser capaz de viver sem inflação e sem desvalorizações. Será o fim do nosso sonho de convergência com “a Europa”, mas marcará também o regresso a uma vida com os pés na terra.
O país que sairia destas duas medidas não seria bonito de ver, mas seria ao menos um país de novo entregue a si próprio, que teria reconquistado a liberdade que pusemos nas mãos da troika. É altura de começar a discutir o preço que teriam para todos nós estas alternativas. Estou cansado da conversa sobre os “cortes” por parte de quem, na verdade, não quer “cortes” nenhuns e tem como único sonho encontrar quem nos pague as contas, chamando a isso “solidariedade”.
PÚBLICO, 28-09-2012 
Uma maravilha!
O Zé fala com “muitos economistas, incluindo com [adoro este incluindo com] antigos ministros da Finanças”. E afinal cabe-lhe a ele, face à falta de coragem dos seus interlocutores, que não querem cortes nenhuns e querem é que outros paguem as nossas dívidas a pretexto da solidariedade, enunciar as medidas para sair da crise: renegociar a dívida e sair do euro.
Até que enfim que nos chega a salvação. Eu registava a patente, de tão original.
Vale aos "muitos economistas, incluindo com antigos ministros das Finanças" não terem sido citados. Seria caso para nunca mais sairem à rua. De vergonha.

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