domingo, 23 de dezembro de 2012

Leituras em dia: "Domínio Público" de Paulo Castilho

Prémio Fernando Namora / Estoril Sol 2012 

O reconhecido domínio da língua facilitam-lhe a criação de personagens que facilmente identificamos como reais, como verosímeis, em contextos bem próprios do tempo que corre. Por isso faz todo o sentido o subtítulo “Um olhar irónico e inteligente sobre uma sociedade em crise”, a nossa, em pleno século XXI.
“A Sofia acha que as minhas ideias são pirosas e no mundo dela são com certeza. Simplesmente o mundo dela está a desaparecer, as pessoas agora são outras, são as pessoas que dantes não contavam. Falam do 25 de Abril, mas a verdadeira revolução é agora, começou há 20 anos e continua. Acabaram os senhores, só conta o dinheiro e a habilidade e também a determinação, é o que dá o poder, e isso, na minha opinião, é a verdadeira democracia. Dou emprego a mais de mil pessoas. Faço o que posso por este país, faço o que é preciso. E a Fundação servia para quê? Era uma brincadeira. Já pensou? uma fundação dedicada à língua portuguesa e à literatura do século XX, alguém quer saber? a língua hoje está na televisão, nos SMS, no Twitter. Sound bites. Os livros são irrelevantes, são para a elite e a elite é irrelevante. Só conta o que se pode exibir e distribuir às multidões para consumir a correr, em cápsulas, o tempo é pouco, a oferta é muita.”
 
E já são muitos os que pensam assim. Desgraçadamente.

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