segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Leituras em dia: "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta


Natália Correia pediu a Fernando Dacosta que contasse a história do seu Botequim, razão porque temos “O Botequim da Liberdade” dez anos decorridos sobre a morte da poeta, também notabilizada noutras áreas.
Nunca fui ao Botequim e, se por lá passaram muitos ilustres, não vejo no livro as revoluções que por lá se congeminaram, nem que governos lá se fizeram ou desfizeram, nem que movimentos cívicos se criaram naquele ambiente. Mas é para isso que chama a atenção a contra capa e que foi, em grande parte, a motivação que me levou a comprar as mais de trezentas páginas.
Uma desilusão… salvo a confirmação dos excessos de Natália Correia que impunha respeito (ou medo?) a muita gente, os seus odiozinhos de estimação, as suas fraquezas.
Mas fica a impressão de que se tratou de despachar uma encomenda, de satisfazer o pedido feito. De facto, para quem se descreve quase como secretário particular de Natália Correia, é imperdoável que a) se não tenha referido corretamente o nome do livro da marquesa de Jácome Correia, amiga de Natália – “Amores da Cadela ‘Pura’” e não “Memórias de Uma Cadela Pura”-, dando de barato a explicação para o título do livro, para o que tenho outra bem mais atendível e que foi recolhida em tempos junto de um sobrinho da marquesa, na ilha de São Miguel, e b) se tenha amputado o poema suscitado pelo deputado Morgado dos seus versos finais, essenciais para se perceber aquilo que até se apresenta como algo “da nossa melhor poesia satírica”.
De facto, Fernando Dacosta transcreveu apenas até “parca ração” o poema que se segue
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Pena, até porque haveria que saber que o Morgado ficou capado!
 

Sem comentários: