segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A César apenas o que é de César


As autonomias da Madeira e dos Açores são tributárias da enorme solidariedade social e económica do Continente, particularmente através de vultosas transferências financeiras. Assim, sob a égide da solidariedade, são os continentais quem suporta muito do que tem sido possível fazer pelos habitantes daquelas regiões autónomas.

E nada a questionar, muito embora haja regiões no Continente bem mais desfavorecidas que outras da Madeira e Açores.

Por isso se estranha a atitude de Carlos César quando decide compensar os cortes dos ordenados da função pública, pondo em causa uma medida quanto à qual não deveria haver excepções. E mais se estranha que afirme que tal medida não custa nada aos contribuintes, como se o dinheiro que para isso dispõe esteja a sair do seu bolso. Como se tais recursos não fossem de todos os contribuintes e, sobretudo, dos contribuintes do Continente onde os funcionários públicos terão que aguentar com as consequências de uma medida que é para todos e não apenas alguns.

Já não basta, para além das transferências financeiras, que exista um regime fiscal mais favorável, que se tenham perdoado dívidas.

Se a ingratidão pesasse, os Açores iriam ao fundo. Por culpa de César.

E temos que assim se começam a dar sinais evidentes do que vai ser a execução do OE, se ninguém travar isto.

Gostaria que se evitasse uma intervenção do FMI. Mas César está mesmo a pedi-las.