segunda-feira, 22 de julho de 2013

Renascido - Ano 2

A primeira imagem que me ocorre é a das luzes das ruas percorridas, deitado em maca, entre os dois hospitais. Experimento a primeira angústia quando, por agravamento do quadro clínico, foi necessário regressar para o HSM. Depois, durante uns dias, senti-me lá, na fronteira, com muitos a puxar-me para este lado, a insistirem que não era ainda a minha vez. E não foi.
Só muito mais tarde tive presença de espírito para ler documentos de alta, os diagnósticos, os tratamentos feitos, os resultados das análises e exames efetuados. Que palavrões tão obscenos para um leigo que até então apenas entrara em hospitais como visita e que chegara à pré-reforma sem um dia de baixa. E logo uma septicémia…
Foi há dois anos. E tudo começou na noite de 21 para 22 de Julho, a partir de um episódio banal, segundo a minha interpretação: uma injeção por causa das dores no ombro direito, julgo que uma tendinite.
Estou aqui porque não era ainda a minha vez. E não era porque o não quiseram médicos, enfermeiros e outro pessoal do HSM, enfim, o nosso SNS. E porque, de forma muito intensa e dedicada, houve quem me puxasse para este lado, animando-me, sobretudo quando era fácil desistir.
Renasci das cinzas, à conta de uma dívida de gratidão que nunca conseguirei pagar.
Obrigado a todos.

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