domingo, 27 de janeiro de 2013

A traição da UGT


Como sou fraco em desenho, vou explicar-me assim, por palavras.
A troika manifesta uma pressa inaudita para que se baixe o número de dias a considerar para cálculo de indemnização por despedimento dos trabalhadores. E apenas por uma razão: porque há pressa em despedir, porque outra razão não pode haver. De facto, se não houvesse pressa em despedir, também não haveria pressa em fazer aprovar a medida.
E isto porque, feita a aposta na desvalorização dos custos do trabalho, nomeadamente para que seja garantida a tão desejada e apregoada competitividade, nada como proceder deste modo:
- reduzir o custo a suportar com os despedimentos, para o que interessa reduzir o número de dias a considerar no cálculo das respetivas indemnizações e, então, despedir.
- proceder de seguida a novas admissões aproveitando uma reserva de mão de obra disponível e amansada por aquilo que é a atual taxa de desemprego, a par do desespero causado pelas medidas de austeridade.
Neste contexto, é possível despedir a custos bem mais baixos a mão-de-obra mais idosa e, em geral, mais bem remunerada, e que será substituída por outra mais jovem, mais qualificada, mais barata e mais dócil. E já agora: uma mão-de-obra menos interessada em qualquer processo de sindicalização.
O resultado é então: redução dos custos de trabalho para as empresas, desemprego definitivo para os mais idosos, futuro menos interessante para os novos ativos, perda de influência dos sindicatos, perda da coesão e solidariedade entre os trabalhadores. Um regresso ao passado.
A UGT não quis ver isto que todos veem, pelo que traiu quem nela confiou. Agora, em desespero de causa, tenta remediar o mal que está feito. Inutilmente.
 

1 comentário:

lino disse...

Bem dito!
Abraço