sábado, 5 de janeiro de 2013

O pirolito e a cerveja


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Um dia houve que integrar no contexto do sagrado sacramento do matrimónio uma relação que, para o tempo e lugar, era escandalosa: um já prolongado acasalamento fora das regras, ao arrepio das bênçãos do Senhor, coisa que incomodava as beatas consciências da minha terra.
E lá aconteceu. Casamento nestas circunstâncias teria que ser realizado fora dos dias e horas habituais e, no caso, foi marcado para as 7 da manhã, talvez para evitar mirones, talvez para a tradicional boda se ficar pelo mero pequeno-almoço. Pois de gente muito pobre se tratava.
E assim sucedeu. As alturas e cinturas do noivo e da noiva deram logo para que alguém, brincando, comparasse aquela união à do pirolito com a cerveja, aquele em garrafa esguia e esta em garrafa da Sagres, que por lá não se conhecia outra marca. Graça a que outro respondeu de forma mais acertada, porque mais substancial: o que é preciso é que a ficha ligue à tomada.
E é o que dá não haver nada para fazer, salvo arrumar as garrafas que andam por aqui.

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