sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Nem Jaguar, nem Fiat 600


Sou dos consideram mal pagos os titulares dos órgãos de soberania, os membros do governo, os autarcas, os políticos em geral. Por razões de dignidade dos respectivos cargos, por entender que devem ser suficientemente atractivos para não ficarem apenas ao alcance ou dos mais incompetentes – que podem ser muitos – ou à espera de quem tenha particular vocação pelo serviço público ou pela coisa pública, para o quê serão hoje muitos raros os candidatos.

Mas há que não misturar isto com as remunerações de gestores de empresas públicas ou de institutos públicos. Porque não são funções da mesma natureza, nem se exercem com as mesmas competências. E isto sem prejuízo da necessidade de se evitarem excessos e de se fixarem exigentes e transparentes regras de acesso e exercício das funções de gestores públicos.

Um político, por melhor que seja, não é necessariamente um bom gestor e um bom gestor não se transforma, por isso, num bom político.

Facto é que políticos somos todos e potenciais titulares de cargos políticos a maioria. Por exemplo: os requisitos constitucionais para PR não são particularmente exigentes e, por si, não são garantia para o bom desempenho das funções de gestor.

Por isso querer fixar o princípio de que na gestão de empresas ou institutos públicos se não pode ganhar mais que o PR é querer comparar alhos com bugalhos. E mais: é querer deixar tais entidades nas mãos dos menos capazes, apostando objectivamente na sua destruição em favor de interesses privados.

Por isso não surpreende que o defensor mais acérrimo desta solução suicida seja o populista Portas que, no entanto, não dispensava montar-se num Jaguar, naquele fartar vilanagem que se viveu na Universidade Moderna, com políticos travestidos de gestores. Mas isto ele já esqueceu ou, melhor, espera que tenhamos esquecido.

Depois, só a desavergonhada desfaçatez permite que alguém pregue o que nunca praticou, quando o poderia ter feito no exercício de funções governamentais. E quando, pelo menos num caso, terá feito o contrário do que agora prega.

1 comentário:

JorgeMp disse...

Bem esgalhado. Ordenados baixos comissões elevadas. Comprando submarinos e pela porta do cavalo.