segunda-feira, 8 de abril de 2013

Méeeeeeeeeeeeeeee!

Pinto Ponteiro pede indemnização de 360 mil euros porque duas cavalheiras, num pasquim da praça, fizeram uma notícia habilidosa mas suficientemente descarada para que facilmente se deduzisse que o ex-PGR era o autor de uma fuga de informação e que, assim, teria cometido um crime por violação do segredo de justiça. Habituados que estão aos desmandos, parecem surpreendidos pela atitude de Pinto Monteiro, ao ponto de Felícia Cabrita, segundo o PÚBLICO, ter lamentado a “tentativa de silenciamento dos jornais” através deste tipo de ações, acrescentando que “Estrangulam os jornais e são um rombo na liberdade de imprensa ainda mais forte nos tempos de crise que vivemos”. Habituados que estão a fazer a promoção do pasquim à conta do direito ao bom nome de terceiros – que o deles vale o que vale e isso pouco importa – parecem espantados quando alguém lhe faz frente, conduzindo-os ao local certo para dirimir os desmandos – o tribunal – local que bem conhecem por outras ousadias.
Ora, se o sol quando nasce é para todos, os tribunais também o são, faça chuva ou faça sol.

1 comentário:

Luis disse...

UM POVO IMBECILIZADO E RESIGNADO...

"Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
um mostrar de dentes,
a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem,
nem onde está,
nem para onde vai;
um povo, enfim,
que eu adoro,
porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso
da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro
de lagoa morta (...) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal,
sem palavras,
sem vergonha,
sem carácter,
havendo homens
que, honrados (?) na vida íntima,
descambam na vida pública
em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira à falsificação,
da violência ao roubo,
donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo,
esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto
pela abdicação unânime do país,
e exercido ao acaso da herança,
pelo primeiro que sai dum ventre
- como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara
ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...),
sem ideias,
sem planos,
sem convicções,
incapazes (...)
vivendo ambos do mesmo utilitarismo
céptico e pervertido, análogos nas palavras,
idênticos nos actos,
iguais um ao outro
como duas metades do mesmo zero,
e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

Cai que nem uma luva este texto publicado num outro blog e que de uma assentada, nos dá uma ideia daquilo que se passa na sociedade e nalguns pasquins da nossa praça!