sábado, 6 de abril de 2013

O criador e a coisa criada

Voltar ao assunto impõe-se porque, se Relvas está morto e enterrado, a coisa por si criada não está. E hoje já não há dúvidas sobre a relação entre o criador e coisa criada, a partir da confissão do primeiro: Em termos pessoais queria, porém, relembrar que o caminho que percorri foi bem mais longo porque aos dois anos de funções governativas devem somar-se os dois anos que os antecederam. Dois anos em que acreditei e lutei no interior do meu partido pela afirmação de um novo líder que encabeçasse um projeto de mudança para Portugal.
Depois, mais um ano, em que acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro e pela escolha de uma nova proposta de governação que pusesse fim ao caminho para o desastre em que nos encontrávamos”. Sobre isto há mesmo quem conte que Relvas terá garantido a Passos que, querendo ser PM, ele conseguiria isso.
A intimidade que se conhece entre ambos, nomeadamente pelos negócios ligados à formação em que se envolveram e nos quais Relvas, governante, oleava os interesses privados de Passos, a confissão agora feita e a relevância do cargo governamental de Relvas, têm que ligar o destino político de um ao do outro.
E isto porque Passos sempre desvalorizou as trapalhadas do seu ministro, desde o modo como obteve o seu grau académico, às pressões sobre jornalistas, ao envolvimento com as secretas, para referir as mais sonantes. Passos, sobre a licenciatura de Relvas, chegou mesmo a dizer que era um não assunto”, pretendendo despojar o caso de qualquer relevância política e isto quanto ao ministro mais político da sua equipa, já que lhe reconhecia competência para a coordenação política do seu governo.
A solidariedade de Passos com Relvas foi ao limite do imaginável e por isso não pode agora assobiar para o lado, tratando a demissão do ministro mais uma vez como “um não assunto”, porque por detrás da demissão estão coisas bastante graves, e não venha Passos dizer que a culpa é apenas da Lusófona, como se Relvas tivesse sido “licenciado” contra vontade, à força.

Sem comentários: