sábado, 6 de abril de 2013

Mestre do Pensamento Contemporâneo

A cadeira que aprofundou o escândalo que rodeia a “licenciatura” de Relvas é, nem mais nem menos, a Introdução ao Pensamento Contemporâneo, cadeira premiada com a atribuição da nota de 18 valores. E como? Pois bastou a prestação de uma prova oral, com discussão de textos da autoria de Relvas – qual mestre do pensamento contemporâneo -, discussão entre Relvas e o Reitor da Lusófona que, no entanto, nem era o responsável da cadeira. E toma lá 18 valores!
Acontece que, pelos regulamentos da Lusófona, deveria ter havido lugar também a uma prova escrita, em geral prévia à prova oral. E não houve. Mas o Magnífico Reitor fez uso de um regulamento da sua exclusiva autoria para validar esta exceção, só que tal regulamento não tinha sido sancionado, como teria que o ser, pelo Conselho Pedagógico do Curso de Ciência Política e, por isso, padecia de validade.
Quando a bronca é despoletada pela intervenção da Inspeção-Geral da Educação e Ciência, o que faz a Lusófona? Em Dezembro de 2012 – 5 anos depois de concluída a “licenciatura” – resolve o caso retroativamente através da ratificação do tal regulamento do Magnífico Reitor pelo Conselho Pedagógico da Faculdade de Ciência Política. E agora já não é apenas o Reitor a envolver-se na trapalhada, porque também este Conselho Pedagógico ajuda à festa. Nesta mesma reunião o Conselho Pedagógico ratificou a avaliação de Relvas, avaliação confirmada no mesmo dia pelo Conselho Pedagógico da universidade. E temos mais um Conselho Pedagógico envolvido na trapalhada.
Agora o caso fica entregue ao Tribunal Administrativo, mas não sei se alguma vez conheceremos todos os contornos do caso. É que, quando foram tantos a deixar-se queimar nesta trapalhada, alguma coisa tem explicar que se aceitem tais queimadelas de ânimo leve.
Mas a Lusófona é a principal responsável pela queda anímica de um ministro, queda ao pondo de o levar à demissão. E não sei se Relvas não será menino para vir a pedir indemnização por perdas e danos.
Fica uma sugestão para arranjar, se necessário, os meios que permitam pagar uma eventual indemnização:
a)  A Lusófona monta máquinas tipo multibanco e vende códigos de acesso a quem se candidate a um diploma;
b) O candidato, depois de aceder, escolhe o curso, sendo a nota atribuída através de um algoritmo para evitar excessos;
c)  A tal máquina liga-se uma impressora que emitirá, de seguida, o documento do curso escolhido.
Fica a ideia. Sem encargos de consultadoria, pois ainda não disponho de diploma que me permita emitir recibo em conformidade.
Os factos relatados sobre a aprovação da cadeira de Introdução ao Pensamento Contemporâneo constam do PÚBLICO de 05-04-2013.

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