sexta-feira, 30 de novembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O Rapto de Europa - VII
O Rapto de Europa de Bruno Bruni
Teresa de Sousa
“A nossa aposta é a do “bom aluno” e a nossa estratégia é a
de Berlim. Isso é evidente e é criticado. Mas o facto de estarmos a viver este
processo de ajustamento diabólico não quer dizer que diabolizemos a Alemanha,
que sempre foi um parceiro muito importante para Portugal.”
Maria João Rodrigues
“E que deve continuar a ser. Mas o debate tem que ser
europeu. E não de uns contra os outros. Um país como o nosso tem de manter
relações directas e intensas com a Alemanha e a França, que são os países
centrais da integração europeia. Mas, acima de tudo, tem de estar nessas
relações com um ponto de vista europeu. Ou seja, de quem não quer resolver só o
seu problema, mas que tem ideias para resolver o problema do conjunto, já demos
essa prova inúmeras vezes. Somos ouvidos e isso está a falhar completamente.”
Teresa de Sousa
“Seria uma forma de contrariar a ideia de que a crise europeia
só tem a ver com os endividados países de Sul ou, em sentido contrário, que a
responsabilidade pela situação em que estão a cair os países do Sul é apenas da
chanceler alemã?”
Maria João Rodrigues
“Se a nossa mensagem for uma mensagem de diabolização ou de
entronização da Alemanha, duvido que consigamos afastar esses sentimentos. A nossa
mensagem tem de ser qualquer coisa de muito diferente. Reconhecer que temos
problemas que dificultam o nosso crescimento, a nossa competitividade, o nosso
reequilíbrio orçamental, e que temos que fazer um esforço para corrigir estes
problemas. Mas acrescentar que o esforço que nos está a ser imposto acabará por
ser contraproducente porque, ao minar o crescimento, impede a própria
consolidação orçamental. E explicar que o ritmo de redução do défice não pode
pôr em causa as condições básicas de protecção da população e nem pode levar à
liquidação de empresas e empregos viáveis. Também não devemos ter medo de dizer
qual é o ritmo que conseguimos manter para atingir um défice que não deve ser
nominal mas estrutural, e dizer que isso é possível se as condições de
financiamento forem revistas. Estou absolutamente convencida de que isso é
entendido.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
A reindustrialização segundo Passos e Álvaro
Hotel Alfamar
“Os 490 milhões de euros em falta nas contrapartidas dos
submarinos ficarão liquidados se os alemães da Ferrostal investirem 150 milhões
na recuperação de um velho hotel no Algarve para unidade de luxo. O PÚBLICO
sabe que este montante resulta do acordo assinado em Outubro entre o Ministério
da Economia e a empresa responsável pelas contrapartidas, o qual substitui 19
projectos industriais por um único projecto turístico-imobiliário em que o
sectoe da construção civil será o principal beneficiário.”
O Álvaro tinha anunciado a reindustrialização do país. E temos
aqui um bom exemplo. Para além de um desconto de todo o tamanho aos súbditos de
Dona Merkel.
E ninguém vai preso? E o tão atento fininho Ferreira Gomes da SIC-N não vem a terreiro dizer de sua justiça?
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
O Rapto de Europa - VI
O Rapto de Europa de Alexander Sigov
Teresa de Sousa
“Aparentemente, a estratégia do Governo para ganhar
competitividade e atrair investimento é a desvalorização salarial.”
Maria João Rodrigues
“Há uma escola de pensamento que defende que a competitividade
depende acima de tudo dos níveis dos salários e que os salários em Portugal são
demasiado elevados para a produtividade do país. Ora, todos os estudos mostram
que esse problema existiu há uns anos mas que, neste momento, os salários já
estão alinhados com os níveis de produtividade e que mostram que, se um país
como Portugal quer aumentar a competitividade, tem acima de tudo que investir
nos factores que não são o custo do trabalho: na inovação, educação, energia,
qualidade da gestão, qualidade da justiça.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
domingo, 25 de novembro de 2012
O Rapto de Europa - V
O Rapto de Europa de Nikias Skapinakis
Teresa de Sousa
“Mas não há aí um choque entre a urgência da crise e o
calendário eleitoral alemão?”
Maria João Rodrigues
“A grande questão que se coloca é essa: saber se é possível
aguentar até Setembro com esta metodologia dos pequenos passos, quase sempre
aquém do necessário.
A chanceler tem sempre utilizado uma metodologia de
negociação em que só faz alguma concessão depois de ter conseguido previamente
garantir uma condicionalidade para essa concessão e garantir que pode controlar
a forma como essa concessão vai ser feita. Ela tem uma metodologia negocial que
é sempre a mesma: contrapartida, controlo, condicionalidade. Os seus três “C”.
e é uma negociadora dura, porque conhece a fundo os dossiers, estuda-os, sabe a
matéria.”
Teresa de Sousa
“Mas é difícil de imaginar que isto consiga aguentar mais um
ano.”
Maria João Rodrigues
“É por isso que defendo que países como o nosso deviam
aproveitar essa percepção para fazer um argumento muito simples: os programas
da troika têm que ser realinhados de acordo com o novo quadro europeu que,
entretanto, foi adoptado ao longo dos últimos meses.”
Teresa de Sousa
“Como?”
Maria João Rodrigues
“Primeiro ponto de alinhamento: os programas têm de
passar a conter medidas de impacto real em matéria de emprego e crescimento
económico com a mesma importância das medidas para reduzir o défice e a dívida.
Segundo ponto: o critério de aferição da consolidação orçamental não pode ser o
défice nominal, tem que ser o valor das medidas que estão a ser adoptadas e o
seu impacto no défice estrutural. A questão fundamental é olhar para a dinâmica
de crescimento e de redução da dívida, e não do défice, numa óptica de longo
prazo. O outro ponto-chave é reconhecer que é impossível combinar crescimento e
consolidação orçamental com esta taxas de juro e de maturidade
As parentes de La Pedrera ou Casa Milà (Barcelona)
No centenário da Casa Milà, também conhecida por La Pedrera,
ficam outras obras, da mesma época, e que permitem identificar ligações
invisíveis entre os diversos criadores. Este o tema da exposição “Las otras pedreras. Arquitectura
y diseño del siglo XX”.
Hotel Mezzara - Hector Guimard - Paris |
Palais Stoclet - Josef Hoffmann - Bruxelas |
Casa Milà (La Pedrera) - Antoni Gaudi - Barcelona |
Glasgow School of Art - Charles Mackintosh - Glasgow |
Looshouse - Adolf Loos - Viena |
Robie House - Frank Lloyd Wright - Chicago |
Maison Horta - Victor Horta - Bruxelas |
O Rapto da Europa - IV
O Rapto da Europa por Fernando Botero
Teresa de Sousa
“Mas o que queria dizer quando referiu que o debate europeu
estava a mudar e que o Governo português devia aproveitar essa mudança?”
Maria João Rodrigues
“Queria dizer que se mantêm ainda as divergências
fundamentais sobre como promover o crescimento mas que há pelo menos um debate
entre percepções diferentes. O Governo alemão continua defender basicamente a
mesma coisa: reformas estruturais, mais redução do défice para repor a
confiança. Do ponto de vista dos alemães, estas são as condições básicas para
que haja crescimento. Quando Merkel diz que apoia o crescimento, é só isso que
ela apoia. Mas há uma outra corrente de pensamento que diz: isto não chega
porque faltam as condições de acesso ao crédito e, consequentemente, meios para
investir. Se esta questão não for atacada, não é com as políticas de redução do
défice e com as reformas estruturais que se volta ao crescimento. Esta é a
grande divergência.”
Teresa de Sousa
“Como é que se ultrapassa essa divergência?”
Maria João Rodrigues
“Ora bem, é isto que mostra que a Europa não está apenas confrontada
com uma escolha entre mais austeridade e mais crescimento. Já estamos para além
dessa questão. A questão agora é que a única forma de voltar a combinar
crescimento e consolidação orçamental é através desta grande reforma da UEM,
sem a qual o acesso ao crédito não é restabelecido e sem a qual não há os meios
de investimento de grande vulto. Porque não é só com o Banco Europeu de
Investimentos (BEI) que vamos lá. Temos de pôr a banca de novo a emprestar às
empresas.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
O Rapto de Europa - III
O Rapto de Europa por Rembrandt
Teresa de Sousa
“Disse recentemente que o debate europeu estava a mudar,
fazendo uma crítica ao Governo português por não estar a aproveitar essa
mudança, insistindo nos efeitos nefastos do programa de ajustamento.”
Maria João Rodrigues
"Sim. De há um mês para cá, essa percepção está a mudar. Até Junho,
tínhamos sobretudo visitas dos primeiros-ministros europeus dos vários
Estados-membros a duas capitais: Bruxelas e Berlim. Agora, há um outro padrão
de reuniões que envolvem Roma ou Paris e a informação começa a circular de
outra maneira. E permite, por exemplo, que sejam levantadas questões
fundamentais em pleno Conselho Europeu. Por exemplo, aquelas que o Presidente
Hollande levantou no último: como é possível pedir a estes países que retomem o
crescimento e que invistam, se eles estão sujeitos a taxas de juro muito
superiores às que nós temos, na França e na Alemanha.”
Teresa de Sousa
“É pedir-lhes o impossível.”
Maria João Rodrigues
“Exactamente. É criar uma situação de concorrência desigual
no quadro do próprio Mercado Único. Creio que essa situação também tem sido
colocada de forma recorrente pelo primeiro-ministro Monti. Do lado alemão
temos, pelo contrário, alguns comentários como, por exemplo, os do ministro das
Finanças [Wolfgang Schäuble], que anunciou que a Alemanha está a atingir o
défice zero e que é este o bom exemplo para os seus parceiros. Omitindo completamente
que isso é possível para a Alemanha porque conta com uma taxa de juro que é
negativa.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
sábado, 24 de novembro de 2012
O Rapto de Europa - II
O Rapto de Europa por Pablo Picasso
Teresa de Sousa
“Os líderes no Conselho Europeu tomam decisões sem saber o resultado
das decisões que toma?”
Maria João Rodrigues
“O que acontece é que estes programas de ajustamento são
avaliados sobretudo em sede de ECOFIN (Conselho de Ministros das Finanças) onde
só se olha para os grandes indicadores: défice, dívida, balança corrente. O que
lhes interessa é se o défice externo começou a reduzir, se a capacidade
exportadora aumentou. Se isso acontece, então está tudo bem.
Teresa de Sousa
“Aparentemente o FMI tem maior noção dos efeitos dos
programas de ajustamento do que os europeus, o que é um pouco estranho.”
Maria João Rodrigues
“A explicação, creio que está, em parte, no facto de haver
correntes teóricas com pesos diferentes no seio destas instituições. Mas a
razão de ser principal é o facto de o Conselho Europeu não ter um conhecimento
mais completo da realidade. Porque essa realidade não é transmitida.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições
europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
O Rapto de Europa - I
O Rapto de Europa por Rubens
Teresa de Sousa
“Bruxelas é a sede das instituições europeias. Mas temos,
todos, consciência de que uma das consequências desta crise tem sido o
enfraquecimento destas instituições e que o poder se transferiu para os
governos, ou melhor, para Berlim. Este enfraquecimento das instituições
europeias também ajuda a explicar a falta dessa narrativa que mencionou?”
Maria João Rodrigues
“Há um debate sobre o que desapareceu ou deixou de ser
visível que deveria traduzir aquilo que designamos por interesse comum europeu.
Não há em Bruxelas actores com a força de liderança suficiente para
apresentarem propostas que vão ao encontro desse interesse comum. Às vezes
tentam. Mas rapidamente recuam, sempre que percebem que há uma oposição clara
do aldo alemão. Não há força para produzir uma síntese que seja, ao mesmo
tempo, aceitável do lado alemão e do lado dos outros. Dou-lhe um exemplo. Nesta
construção de uma UEM [União Económica e Monetária] mais completa há hoje uma
enorme divergência entre a posição do Presidente Hollande e a chanceler Merkel.
Basicamente, o Presidente Hollande diz que, antes de avançar para uma maior
partilha de soberania, tem de haver sinais claros de maior solidariedade
europeia. Solidariedade na resposta às crises bancárias, eurobonds para gerir a
dívida pública e mesmo um orçamento para a zona euro destinado a apoiar os
países que tenham problemas. A chanceler Merkel coloca a sequência exactamente
ao contrário: primeiro, quer garantias de controlo dos orçamentos e só depois,
eventualmente, discutirá novos instrumentos de solidariedade. A meu ver, um
discurso comunitário devia dizer: pois bem, as duas coisas são precisas ao
mesmo tempo. Esse seria um compromisso verdadeiramente europeu.”
Entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.
E de Maria João Rodrigues, conselheira das instituições europeias, não se ousará dizer que não sabe do que fala.
Escola, indivíduo e sociedade
Foi a baronesa Thatcher que afirmou "Não existe essa
coisa de sociedade, o que há e sempre haverá são indivíduos" porque isso de
sociedade, digo eu, é coisa perigosa, mas já um individuo é facilmente controlável,
amestrado, configurado de acordo com a ideologia e os interesses da classe
dominante, reproduzindo o discurso de tal classe. A estes indivíduos basta
pertencerem a uma tribo, grupo com comuns interesses, impenetrável por quem não
tenha cartão e quotas em dia.
Mas sociedade é coisa mesmo perigosa: interclassista, imprevisível,
incontrolável se livre, inquieta se exigente, caminhando ao ritmo das suas
pulsões, gerando e ultrapassando crises na busca do progresso colectivo. É
aqui que se afirma a cidadania, que se torna justificada a solidariedade, é
aqui que nos aproximamos uns dos outros, atenuando diferenças nunca eliminadas.
Tem a escola a ver com a opção que se faça entre a ênfase no
indivíduo, na tribo, ou na sociedade? Naturalmente que tem. Por isso, a
eliminação da disciplina de Educação Cívica é uma clara afirmação do caminho pretendido
para o futuro por quem hoje nos governa: o individualismo egoísta, o mimetismo acrítico, enfim, as
condições capazes de permitir a reprodução do discurso da classe dominante,
diria opressora.
E a quem afirme dever colocar-se em primeiro lugar a
liberdade individual, há que responder que isso em nada é incompatível com
outros e tão nobres valores, nomeadamente o da responsabilidade cívica.
Há que recuperar para a escola pública o sentido cívico da
escola republicana enquanto espaço de crescimento, de liberdade e de cidadania, queira ou não queira quem hoje põe e dispõe.
É preciso refundar o Estado Social?
Raquel Varela, historiadora, coordenou o livro “Quem Paga o
Estado Social em Portugal” (Bertrand, 2012) e subscreve uma crónica no PÚBLICO
de 22 de Novembro que seria bom que fosse lido por todos quantos se afirmam a
favor do Estado Social e o querem defender de forma sustentada. Claro que mais
longe, nesse sentido, irá o livro.
De acordo com estudos efectuados, certamente bem suportados,
é possível saber que os trabalhadores entregam mais ao Estado que aquilo que
dele recebem em gastos sociais (saúde, educação, Segurança Social, transportes,
desporto, espaços públicos, cultura). Deste modo, os défices públicos não podem
ser assacados aos gastos sociais.
Por outro lado, do estudo resulta que, embora os rendimentos
dos trabalhadores, incluindo os pagamentos dos trabalhadores para a Segurança
Social e a TSU, antes de impostos, seja de cerca de 50% do PIB, 75% da
tributação provinha dos desses mesmos trabalhadores, segundo dados de 2010 e
2011.
Que tem então o Estado Social a ver com a dívida pública?
Nada.
No entanto, a situação poderia ser melhor, no que respeita à
Segurança Social se esta não fosse usada para facilitar a reestruturação de
empresas privadas e privatizadas, com reformas antecipadas e, acrescento eu,
com pré-reformas que, embora a cargo das entidades patronais, se traduzem numa
redução das contribuições para as empresas e os trabalhadores em situação de
pré-reforma.
Bom seria que se pegasse neste estudo, nomeadamente o PS. E argumentasse
em conformidade perante a canalha que nos governa. Porque quanto a estes não se está
perante uma mera incompetência ou ignorância, pois sabem bem ao que andam.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Cavacadas...
Há pessoas capazes de uma enorme
lata.
“Numa altura em que urge criar
riqueza no país e gerar novas bases de crescimento económico, é necessário
olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que
nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria”. (PÚBLICO de 22-11-2012)
Quando fala das últimas décadas,
será que Cavaco Silva inclui aquela em que foi primeiro-ministro – 1985-1995 –
exactamente aquela em que se abate a frota pesqueira, se abandonam os campos e
se aposta quase exclusivamente no betão?
Será que o estado de amnésia é
tal que já não se dá conta de que exerceu as funções de primeiro-ministro e
durante 10 anos?
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Ernesto Melo Antunes
Auditório 3 da FCG cheio que nem um ovo, com dezenas de
pessoas de pé. Para apresentação de uma biografia sobre um homem sem o qual
tudo teria sido bem diferente, para pior, no nosso percurso pós 25 de Abril,
embora o seu comprometimento político viesse já de longe, quando, por exemplo,
ousou apresentar-se como candidato pela CDE em 1969, apesar de ser militar. Pretensão
recusada pois o regime apenas tolerava candidaturas militares pela União
Nacional.
Melo Antunes, senhor de uma grande cultura e enorme
coerência, foi o ideólogo do MFA, pela intervenção que teve na redacção do seu
programa e do Documento dos Nove, para além de ter evitado o ajuste de contas
pretendido pela direita no pós 25 de Novembro, numa intervenção hoje tida como
fundamental para a afirmação de um estado de direito em Portugal.
Além disso, teve desempenhos relevantes como presidente da
Comissão Constitucional, sucessora do Conselho da Revolução e embrião do futuro
Tribunal Constitucional, como ministro dos Negócios Estrangeiros, como
conselheiro de estado. Mas incompreendido por muitos e alvo de vinganças
mesquinhas, como foi a de Freitas de Amaral quando lhe vetou uma nomeação
internacional.
Apenas visualizei uma pessoa que se pode ter próxima da
governação que nos vai e desgraçando, mas Mota Amaral já vem doutros tempos,
nada tendo a ver com estes estroinas do seu partido.
Para além da excelente e viva apresentação do livro feita
por António Reis, realce para a evocação de uma amizade e de uma cumplicidade
ideológica e política feita por Vasco Vieira de Almeida, que só pecou por ser
curta, tal o prazer com que era escutado, e a carta de Santos Silva, presidente
da FCG e ausente por razões de força maior, lida por Teresa Patrício Gouveia.
Eramos muitos. Uma editora ousou apostar num género
comercialmente pouco interessante, com cerca de 800 páginas. Tudo isto empolga.
Tudo isto anima.
Questões comuns colocada pelos intervenientes - Eanes,
António Reis, a autora, Joana, filha de Melo Antunes, Vasco Vieira de
Almeida, Vasco Lourenço: que pensaria Melo Antunes dos tempos que vivemos? Como
interviria em tal contexto?
Gente há cuja morte é uma perda, uma irremediável perda.
Uma crónica à VL
Mas quem eram eles, tão visados por cumprimentos de tantos? Para
mim ele estava irreconhecível, melhor: há muito que o não via quando, em
tempos, cheguei a conversar com ele na AR. Era o tempo do ex-Secretariado e da
suspensão de funções por Soares, por causa do apoio do PS a Eanes. Mas hoje
estava bem mais velho, cabelo bem puxado desde as entradas atá ao pescoço.
Por sua vez, ela, cabelos loiros compridos, apresentava-se
de casaco e saia, com o casaco de tal modo cintado que o peito subia quase ao
queixo. Muito vistosa.
Ele ficou descodificado quando preencheu o seu lugar no
auditório. Ela ficou-se pela plateia e só pode ser a Io Apolloni, embora não
jure.
Estavam muito bem.
PS. Quase parece uma crónica à VL, aliás Armanda.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Com as minhas canadianas...
"É preferível tê-las aqui, à
vista, ar desafiador, imaginando-lhes as necessidades de um cão que não pode
dispensar as idas à rua. E eu também não dispenso.
E dão jeito ali pois nem sempre é
fácil o arranque deste lugar em que me sento, como que havendo necessidade de
um certo aquecimento.
É bom ouvi-las dizer, a par e
passo, anda daí, vamos dar uma volta. E começo a obedecer-lhes cada vez mais,
apesar do incómodo a suportar. A vida vai."
21-11-2012
Diário d’Ésse
A sobrinha Rita
Qual a diferença entre a Rita e a Carlota Joaquina? Fácil a resposta: a Rita é muito bonita e muito simpática.
A primeira dama foi fazer fotos na FCG
Logo após o Prólogo, a exposição exibe o Rapto de Europa de
Nikias Skapinakis ao lado de quadro sob o mesmo tema de Erasmus Quellinus. Apercebendo-me de flashs a torto e
a direito lá mais para o interior, saco da máquina e sai foto, esta. Mas não
podia ser, segundo um de vários zeladores do espaço, aliás de forma muito
correta. Mas, argumentei, com tanto flash por aí, como não poder?
Havia uma explicação: "esta cá a primeira-dama, e sabe como
é, temos que ser tolerantes". Cerca de meia hora depois dei com o espetáculo: Sra Dra agora aqui, e também aqui. E a Dama
de Belém e da Coelha lá satisfazia os pedidos, posando de sorriso aberto, ao lado de obras primas.
Eu vi pausadamente tudo quanto havia para ver. Coisas que,
no original, talvez apenas se vejam uma vez na vida. Sobre a primeira-dama
constará que esteve lá, conforme fotografias a publicar.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Legendas da crise
Bairro de Alvalade
Encerrado hoje, segunda-feira. Certamente que também nos dias seguintes. E o povo?
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Não vale tudo...
A manifestação decorreu com normalidade. Depois de dada por
terminada, ficaram os do costume: uns para a zaragata, outros para ver no que
aquilo poderá dar, quais voyeurs, compreensivos com aquelas formas de
manifestação da liberdade de expressão, solidários com os primeiros em
caso de azar, exigindo ficarem incólumes na confusão que, com a sua
presença, sancionam.
Não me peçam para ser polícia em tal contexto. Eu faria pior,
a menos que me ocorresse perguntar a cada um se tinha ou não mandado pedras,
separando o trigo do joio.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Diário d'Ésse
"Era o bruxulear das velas ao cimo
da escada que anunciava momentos mágicos, sobretudo intensos. Bastando que
entrasse por uma nesga da porta entreaberta, de modo a reduzir-nos a vultos,
mas vultos cheios de vida e de sabores e de cheiros. E o tempo seria nosso, até
ao esgotamento dos sentidos, corpos exaustos, transpirados. Rendidos.
De manhã, entre o odor a café,
saborearíamos o doce-acre de limão com laranja. E seria outro dia. De mais um
ciclo."
Diário d´Ésse 15-11-2012sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Parabéns, Maria João
Votos para que tenhas um bom dia, votos para que possas
festejar esta data por muitos mais anos. Com a Bia, o Ricardo, o Jorge. E com todos nós, claro.
Embora o teu aniversário seja o pretexto, não posso deixar
de aproveitar para te agradecer tudo quando fizeste por mim no decurso de mais
de um ano. Verdade que outros estiveram sempre atentos e me acompanharam na medida do
possível, mas tu foste inexcedível em atenções e cuidados, mesmo exagerada.
Não sei o que seria, sobretudo nos dias mais complicados, se
não pudesse contar contigo, sem nada pedir, porque não era necessário pedir,
dada a tua permanente atenção e vigilância.
Tive da tua parte todos os cuidados e atenções, por
excesso. Por isso hoje estou bem do lado de cá, graças a quem me habituei a
tratar por enfermeira-chefe, que nunca permitia que não cumprisse com as sua
indicações, que nunca me deixou ir abaixo.
Sei que nunca te pagarei o que fizeste por mim, porque não
há forma de pagar a atenção, a disponibilidade, o imenso carinho.
Obrigado, enfermeira-chefe. Mais uma vez parabéns, Maria
João, por tudo quanto és e que todos reconhecemos em ti. És uma jóia, muito rara.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
BELLAMY, de Chabrol, com Depardieu
Chabrol com Depardieu
BELLAMY, de Claude Chabrol, com Gérard Depardieu
Foi a minha fita de hoje, no King, fita exibida 3 anos após
ter sido realizada e dois anos depois da morte de Chabrol, que integrou a Nouvelle
Vague.
Com Depardieu num dos seus melhores papéis, no caso o de um
homem sortudo, porque casado com mulher que o safa do abismo. Num filme cheio
de vida como são, em geral, os filmes de Chabrol.
Com um advogado a fazer as suas alegações finais cantando
Brassens. Georges Brassens que surge nas
primeira imagens, numa foto sobre a sua campa no cemitério de Sète, a sua terra
natal, enquanto se ouve em assobio “Les Copains d’abord”.
Nada indica que se trate de filme testamento, porque
certamente Chabrol não adivinharia o seu fim tão breve.
E viva Chabrol.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Quanto custará a independência dos juízes?
Para o presidente da Associação Sindical
dos Juízes Portugueses, segundo o Expresso online de hoje, a independência dos juízes
é uma questão de dinheiro. E vale a pena citar: os cortes salariais podem “pôr
em causa o princípio da independência”. Mais. “uma determinada componente
salarial pode condicionar o exercício da magistratura”. E ainda: “neste momento
há muitos colegas em que as suas situações pessoais começam a ser
condicionantes”. Mais: os magistrados “têm de ter uma capacidade económica,
estatutária e financeira que permita dizer não, sem medo” porque “é isso que consubstancia
a independência dos tribunais”.
Só falta agora dizer em quanto avaliam os
juízes a sua independência.
Pagamentos a gasóleo, nas Caldas.
Senador Fernando Costa
Segundo o PÚBLICO de hoje, uma empresa das Caldas da Rainha promovia
a animação de festas da câmara municipal e campanhas eleitorais do PSD a troco
de litradas de gasóleo sacado da bomba de combustível daquela entidade, gasóleo
que se deveria destinar exclusivamente à frota automóvel da câmara municipal.
O presidente desta câmara é sobejamente conhecido, pela
particular queda para animar comícios do PSD. E está com um drama: preenchidos
26 anos consecutivos como presidente, não sabe o que fazer, ou não sabem o que
lhe fazer.
Mas não me admiro nada se isto de animar festas do partido
com gasóleo da câmara for coisa de somenos para quem é tido como senador. Por
isso, alguma coisa se há de arranjar para quem apenas tem sido presidente de
câmara, como acontece com Filipe Menezes, apesar do endividamento da câmara de
onde sai e que é de sua responsabilidade.
Para o PSD, ter estes tipos à solta é um risco que convém
não correr. Nada como arranjar-lhes qualquer coisinha.
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