domingo, 25 de novembro de 2012

O Rapto de Europa - V

O Rapto de Europa de Nikias Skapinakis
 
Teresa de Sousa
“Mas não há aí um choque entre a urgência da crise e o calendário eleitoral alemão?”
Maria João Rodrigues
“A grande questão que se coloca é essa: saber se é possível aguentar até Setembro com esta metodologia dos pequenos passos, quase sempre aquém do necessário.
A chanceler tem sempre utilizado uma metodologia de negociação em que só faz alguma concessão depois de ter conseguido previamente garantir uma condicionalidade para essa concessão e garantir que pode controlar a forma como essa concessão vai ser feita. Ela tem uma metodologia negocial que é sempre a mesma: contrapartida, controlo, condicionalidade. Os seus três “C”. e é uma negociadora dura, porque conhece a fundo os dossiers, estuda-os, sabe a matéria.”
Teresa de Sousa
“Mas é difícil de imaginar que isto consiga aguentar mais um ano.”
Maria João Rodrigues
“É por isso que defendo que países como o nosso deviam aproveitar essa percepção para fazer um argumento muito simples: os programas da troika têm que ser realinhados de acordo com o novo quadro europeu que, entretanto, foi adoptado ao longo dos últimos meses.”
Teresa de Sousa
“Como?”
Maria João Rodrigues
“Primeiro ponto de alinhamento: os programas têm de passar a conter medidas de impacto real em matéria de emprego e crescimento económico com a mesma importância das medidas para reduzir o défice e a dívida. Segundo ponto: o critério de aferição da consolidação orçamental não pode ser o défice nominal, tem que ser o valor das medidas que estão a ser adoptadas e o seu impacto no défice estrutural. A questão fundamental é olhar para a dinâmica de crescimento e de redução da dívida, e não do défice, numa óptica de longo prazo. O outro ponto-chave é reconhecer que é impossível combinar crescimento e consolidação orçamental com esta taxas de juro e de maturidade

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