quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Rapto de Europa - VII

O Rapto de Europa de Bruno Bruni
Teresa de Sousa
“A nossa aposta é a do “bom aluno” e a nossa estratégia é a de Berlim. Isso é evidente e é criticado. Mas o facto de estarmos a viver este processo de ajustamento diabólico não quer dizer que diabolizemos a Alemanha, que sempre foi um parceiro muito importante para Portugal.”
Maria João Rodrigues
“E que deve continuar a ser. Mas o debate tem que ser europeu. E não de uns contra os outros. Um país como o nosso tem de manter relações directas e intensas com a Alemanha e a França, que são os países centrais da integração europeia. Mas, acima de tudo, tem de estar nessas relações com um ponto de vista europeu. Ou seja, de quem não quer resolver só o seu problema, mas que tem ideias para resolver o problema do conjunto, já demos essa prova inúmeras vezes. Somos ouvidos e isso está a falhar completamente.”
Teresa de Sousa
“Seria uma forma de contrariar a ideia de que a crise europeia só tem a ver com os endividados países de Sul ou, em sentido contrário, que a responsabilidade pela situação em que estão a cair os países do Sul é apenas da chanceler alemã?”
Maria João Rodrigues
“Se a nossa mensagem for uma mensagem de diabolização ou de entronização da Alemanha, duvido que consigamos afastar esses sentimentos. A nossa mensagem tem de ser qualquer coisa de muito diferente. Reconhecer que temos problemas que dificultam o nosso crescimento, a nossa competitividade, o nosso reequilíbrio orçamental, e que temos que fazer um esforço para corrigir estes problemas. Mas acrescentar que o esforço que nos está a ser imposto acabará por ser contraproducente porque, ao minar o crescimento, impede a própria consolidação orçamental. E explicar que o ritmo de redução do défice não pode pôr em causa as condições básicas de protecção da população e nem pode levar à liquidação de empresas e empregos viáveis. Também não devemos ter medo de dizer qual é o ritmo que conseguimos manter para atingir um défice que não deve ser nominal mas estrutural, e dizer que isso é possível se as condições de financiamento forem revistas. Estou absolutamente convencida de que isso é entendido.”
Maria João Rodrigues, conselheira das instituições europeias, em entrevista ao PÚBLICO / P2, de 18-11-2012.

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