terça-feira, 18 de novembro de 2008

Uma campanha alegre…

Em geral, sem que perceba por quê, é rotulado de “dirigente histórico”, de “consciência moral”. Pontualmente, e ultimamente mais que nunca, aparece apenas para as bicadas ao governo que era suposto apoiar ou, no mínimo, não ostracizar. E isto parece ser condição para quem foi candidato a deputado, sempre eleito, desde 1974. Graças a um partido que agora acusa de se ter transformado numa “máquina eleitoral, numa máquina de poder”.

O problema é do PS e de Alegre. Mas eu era capaz de sugerir o seguinte: Alegre candidatava-se em lugar claramente não elegível, recusando o privilégio de que gozou até agora, de ser o primeiro ou dos primeiros nas listas, com eleição garantida. Depois, só teria que fazer pela vida, dispensando a tal máquina eleitoral.

Se for o caso, serei o primeiro a dar-lhe os parabéns.

2 comentários:

Mário Pinto disse...

Armando

Concordo que refiras as mordomias que Manuel Alegre tem e até o facto de ter sido sempre eleito o que, como sabemos, depende sempre de quem manda no partido e do de cair, ou não, nas suas boas graças.
Por outro lado, e porque um deputado recebe o mandato do Povo e não do partido, acho que é - no mínimo saudável - que ele consiga ser independente de modo a que não se transforme na "voz do dono". Para mim a questão é a seguinte: Manuel Alegre tem ou não razão?
E se a tiver, deve ou não manifestá-la?

Um abraço.

A. Moura Pinto disse...

Mário
Se Alegre tem razão, não sei, nem o tema é esse. Se reparares, questiono sobretudo a acusação que faz a uma “máquina eleitoral” que lhe tem permitido ser deputado desde há muito. E, se fosse consequente, há muito que a teria dispensado. Mas que os partidos são, em muito, máquinas eleitorais, isso são. À direita e à esquerda.

Mas, já agora, repara no seguinte: não se pode estar num partido na condição de sermos nós a ter razão. Quem lá quer estar deve aceitar as regras do jogo, ou tentar alterá-las. Alegre foi a votos para a liderança e perdeu, porque a maioria não lhe deu razão. Mas nada impede que ele continue a ter as suas, sejam elas quais forem. Mas eu não apreciaria a visibilidade que procura dar às divergências, porque é uma visibilidade pública e não nos locais onde pode fazer inverter as coisas. E mais: é quando o governo experimenta maiores dificuldades que Alegre surge para afirmar as divergências. E olha que o PS tem sido muito tolerante com tais atitudes.

Ainda quanto a ter razão, nada como esperar. Recordarás a campanha liderada por Alegre contra a co-incineração e, julgo eu, por ser onde era. E hoje, que é feito das consequências tão tragicamente apregoadas por Alegre quanto àquele processo, contra o que eram garantias dadas por quem conhece o tema? Se lhe fosse dada razão na altura, como estaríamos quanto ao tratamento dos resíduos industriais?

PS. Não me referi a mordomias que, quanto a isso, Alegre tem as dos demais deputados. E que não me causam qq inveja.