Richard Zimler é daqueles que faz questão de longamente escrever sobre a polémica criada por Saramago. Para isso, em longo artigo no Público de 27-10-09, decidiu-se por uma originalidade: apresentar as razões por que desvaloriza os comentários de Saramago. Se conseguiu tal efeito ou o seu contrário, é que duvido.
Verdade que utiliza argumentos originais. Por exemplo: para ele, criticar a brutalidade dos hebreus ou de outros povos da antiguidade é o mesmo que criticar Dostoievsky por escrever sobre um assassinato premeditado em Crime e Castigo, ou criticar Anne Frank por escrever sobre a crueldade nazi.
Grande cabeça!
Mas será que ignora que Crime e Castigo é mera ficção, mesmo que eventualmente o autor se inspire em factos reais, que recria? E o diário de Anne Frank não é apenas isso, o repositório do que viu e sentiu a partir do seu esconderijo?
Será a esse mesmo nível que se deve colocar a Bíblia, muitas vezes apresentada como a fonte da verdade?
Claro que Zimler, a título de exemplo, se interroga sobre se haverá pior que a descrição mais poderosa da traição e brutalidade humanas, como a que se encontra no Segundo Livro de Samuel.
Mas, explica: “Tomar à letra estas histórias é simplesmente não entender o Antigo Testamento e ignorar por completo dois mil anos da tradição poética ocidental.” E com esta é que me trama: porque afinal a culpa parece ser da poesia de então, e poesia ocidental, quando o ocidente era tudo, estando o oriente por descobrir.
O que me parece é que, por bem menos, muitos foram os livros registados, para os devidos efeitos, no Index, com sanção adequada a quem ousasse lê-los se para isso não fosse devidamente autorizado. Quanto à Bíblia, em muitas circunstâncias, não se foi além da sugestão da proibição da sua leitura a menores de 18 anos. E isto não bastaria para se dar, pelo menos, alguma razão a Saramago?
Verdade que utiliza argumentos originais. Por exemplo: para ele, criticar a brutalidade dos hebreus ou de outros povos da antiguidade é o mesmo que criticar Dostoievsky por escrever sobre um assassinato premeditado em Crime e Castigo, ou criticar Anne Frank por escrever sobre a crueldade nazi.
Grande cabeça!
Mas será que ignora que Crime e Castigo é mera ficção, mesmo que eventualmente o autor se inspire em factos reais, que recria? E o diário de Anne Frank não é apenas isso, o repositório do que viu e sentiu a partir do seu esconderijo?
Será a esse mesmo nível que se deve colocar a Bíblia, muitas vezes apresentada como a fonte da verdade?
Claro que Zimler, a título de exemplo, se interroga sobre se haverá pior que a descrição mais poderosa da traição e brutalidade humanas, como a que se encontra no Segundo Livro de Samuel.
Mas, explica: “Tomar à letra estas histórias é simplesmente não entender o Antigo Testamento e ignorar por completo dois mil anos da tradição poética ocidental.” E com esta é que me trama: porque afinal a culpa parece ser da poesia de então, e poesia ocidental, quando o ocidente era tudo, estando o oriente por descobrir.
O que me parece é que, por bem menos, muitos foram os livros registados, para os devidos efeitos, no Index, com sanção adequada a quem ousasse lê-los se para isso não fosse devidamente autorizado. Quanto à Bíblia, em muitas circunstâncias, não se foi além da sugestão da proibição da sua leitura a menores de 18 anos. E isto não bastaria para se dar, pelo menos, alguma razão a Saramago?
1 comentário:
A Bíblia, segundo os crentes, é para ser tomada a sério, e a maioria dos cristãos não faz segredo disso Veja este extracto da Declaração de Fé da Aliança Evangélica Portuguesa:
5. Cremos na inspiração divina e total das Escrituras Sagradas, na Sua suprema autoridade como única e suficiente regra em matéria de fé e de conduta e que não existe qualquer erro ou engano em tudo o que ela declara.
Aqui: http://www.portalevangelico.pt/aep_declaracaodefe.asp
Pelo menos estes não disfarçam.
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