"Curiosa desde a infância e, para mais, treinada numa disciplina, a Sociologia, que nos ensina a espreitar para dentro do mundo dos outros, gosto ouvir as chamadas conversas de homens. Tendo em conta as minhas características biológicas, não me é fácil penetrar nas casas de banho masculinas ou em clubes exclusivamente destinados ao outro sexo, mas, ao longo dos anos, tenho tido oportunidade de escutar o que dizem.
Às vezes, em júris de doutoramentos, em conselho científicos e até no Gambrinus, os homens falam como se eu me tivesse tornado invisível. É então que me familiarizei com expressões como "Ela é boa como o milho" (come-se de bom grado) ou "É de atar e pôr ao fumeiro (consome-me, mas não é nada de especial).
Por detrás deste tipo de frase jaz a concepção de que as mulheres apenas têm dois destinos, o de mães (menos importante do que já foi) ou o de putas (em obvio crescendo). Muitas destas conversas masculinas são tão infantis que custa a crer que indivíduos que, noutras áreas, são capazes de explicar como se enviam satélites para o espaço, alberguem tais ideias."
Às vezes, em júris de doutoramentos, em conselho científicos e até no Gambrinus, os homens falam como se eu me tivesse tornado invisível. É então que me familiarizei com expressões como "Ela é boa como o milho" (come-se de bom grado) ou "É de atar e pôr ao fumeiro (consome-me, mas não é nada de especial).
Por detrás deste tipo de frase jaz a concepção de que as mulheres apenas têm dois destinos, o de mães (menos importante do que já foi) ou o de putas (em obvio crescendo). Muitas destas conversas masculinas são tão infantis que custa a crer que indivíduos que, noutras áreas, são capazes de explicar como se enviam satélites para o espaço, alberguem tais ideias."
(...)
Maria Fimomena Mónica, Expresso, 04-10-09
Como não quero que lhe falte nada, recordo este livro publicado pela primeira vez em 1976 e com posteriores reedições, a última em 2007.
Pode assim ampliar os conhecimentos obtidos em conselhos científicos, em júris de doutoramentos, no Gambrinus.
Bom proveito!
Quanto aos dois referidos destinos, não é fácil escapar-lhes quem se lhes coloca a jeito. E isso digo eu que nem sou sociólogo.
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