quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Antes de ser já o era...
Uns bons dias atrás, o PR ameaçava que depois das eleições falaria sobre questões de segurança. E garantia que não era ingénuo.
Hoje, na sua solene comunicação, deu-nos conta de que foi hoje mesmo que consultou diversas entidades e que estas lhe garantiram que havia vulnerabilidades no seu sistema informático.
O anúncio da solene e nervosa comunicação foi feito com 24 horas de antecedência, isto é, antes das averiguações feitas ao sistema informática do Palácio de Belém. Será que adivinhou o resultado das averiguações?
O PR não é ingénuo. Eu é que sou. E não me tinha dado conta disso.
Hoje, na sua solene comunicação, deu-nos conta de que foi hoje mesmo que consultou diversas entidades e que estas lhe garantiram que havia vulnerabilidades no seu sistema informático.
O anúncio da solene e nervosa comunicação foi feito com 24 horas de antecedência, isto é, antes das averiguações feitas ao sistema informática do Palácio de Belém. Será que adivinhou o resultado das averiguações?
O PR não é ingénuo. Eu é que sou. E não me tinha dado conta disso.
Rede informática vulnerável?
São 20h15 e temo não conseguir fechar a boca de tanto espanto
O jornalismo atrevido
“(…)
Já em 18 de Setembro, o Diário de Notícias publicou integralmente um mail que, alegadamente, terá sido trocado entre dois jornalistas do Público em que era referida uma fonte do jornal no processo de investigação deste caso [caso das tais escutas].
(…)”
São José Lopes, Público de 29-09-09.
Sublinhados meus.
São José Lopes conhece bem o caso das escutas, pois sobre ele escreveu. E integra a redacção do Público.
Mas como aceitar que escreva que o tal mail foi transcrito integralmente quando, ao mesmo tempo, afirma que se trata de mail alegadamente trocado entre dois camaradas seus? O mail tem ou não autoria e um destinatário? Será que ainda não foi informada disso, embora o tenha por integralmente dado a conhecer pelo DN?
Ai dos vencidos!
Segundo o Público, saem vencidos das eleições legislativas: Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Pacheco Pereira e Carlos César.
E vencedores: Sócrates, Portas, Louçã e Teixeira dos Santos.
Pois é…
Esqueceu-se o Público, quanto aos vencidos, de si mesmo, tendo em conta a longa campanha conduzida contra Sócrates – que até Pacheco chegou a reconhecer que existia – e do seu director, assumido chefe da oposição ao PS e a Sócrates durante a legislatura.
“A vitória histórica”, proclamava Fernando Rosas
Porque se tirou a maioria ao PS, objectivo primeiro de quem quer congregar, à sua volta, a esquerda legítima, a pura, a autêntica esquerda.
E, contra a arrogância de Sócrates, já arrogantemente Louçã falava como PM: “Hoje à noite Maria de Lurdes Rodrigues perdeu o lugar”, adiantando que agora era possível criar um imposto sobre as grandes fortunas para financiamento da Segurança Social. Deve ter sido por isso que não felicitou quem ganhou. A vitória entrou-lhe pela porta dentro, embriagando-o.
A euforia dava para tudo, menos para ver que o PP o ultrapassava pela direita. E permitindo cenários em que o BE se torna dispensável.
É que não serve para fazer maioria com o PS, melhor dito: não dá para chantagear o PS. E vamos ver para que serve a histórica vitória a não ser para continuar a luta, aliando-se agora à direita que não conseguiu derrotar de forma consequente, para combater a esquerda que rejeita, porque apenas eles são a esquerda.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
As motivações…
“Voto no PS porque gosto do trabalho que este Governo fez.”
Disse um estudante.
“Voto no PSD porque sou contra a legalização dos casamentos dos homossexuais”.
Afirmou um engenheiro.
“Voto no BE porque é uma esquerda sem radicalismos e sem dogmas”.
Opinou um mecânico.
“Voto na CDU porque a sociedade tem que ser intervencionada”.
Garantiu uma professora.
“Voto no CDS porque é preciso aligeirar a carga fiscal.”
Declarou um engenheiro.
Disse um estudante.
“Voto no PSD porque sou contra a legalização dos casamentos dos homossexuais”.
Afirmou um engenheiro.
“Voto no BE porque é uma esquerda sem radicalismos e sem dogmas”.
Opinou um mecânico.
“Voto na CDU porque a sociedade tem que ser intervencionada”.
Garantiu uma professora.
“Voto no CDS porque é preciso aligeirar a carga fiscal.”
Declarou um engenheiro.
Na primeira página do Público de hoje.
Lima continua em Belém, mas o Papa vem a Fátima...
A visita é de estado, mas o maior destaque, como é natural, vai para a vertente pastoral. Sempre foi assim.
A Igreja conteve-se quando ao anúncio da visita porque, para D Policarpo, “era um segredo diplomático”. E ele ainda é do tempo em que se guardavam segredos. Como o convite era do PR e também da Conferência Episcopal, tinha-se por expectável que o anúncio se fizesse em conjunto
Mas Belém decidiu adiantar a notícia, quando para a Igreja o mais aconselhável seria que isso se verificasse depois das eleições.
Tudo bem. O Papa vem a Fátima e Fernando Lima, com outras funções, continua em Belém, segundo o Expresso.
Uma coisa não tem nada a ver com outra? Não, diria Pacheco. Mas não eu.
A Igreja conteve-se quando ao anúncio da visita porque, para D Policarpo, “era um segredo diplomático”. E ele ainda é do tempo em que se guardavam segredos. Como o convite era do PR e também da Conferência Episcopal, tinha-se por expectável que o anúncio se fizesse em conjunto
Mas Belém decidiu adiantar a notícia, quando para a Igreja o mais aconselhável seria que isso se verificasse depois das eleições.
Tudo bem. O Papa vem a Fátima e Fernando Lima, com outras funções, continua em Belém, segundo o Expresso.
Uma coisa não tem nada a ver com outra? Não, diria Pacheco. Mas não eu.
Contra a legitimação das tramóias jornalísticas…
Pode um jornal divulgar factos protegidos pelo segredo de justiça, como estamos fartos de verificar? Pode, e mais: a culpa é das fontes. E como os jornalistas gostam de andar de braço dado com quem não cumpre a lei, se gostam.
Pode um jornal transcrever conversas telefónicas obtidas igualmente com infracção do segredo de justiça? Pode, e ainda aqui a culpa é das fontes. Os visados que se lixem, que importante é vender mais uns números, ou fazer fretes aos amigos do peito, que independência é coisa de somenos.
Pode um jornal desmascarar, com a divulgação de um e-mail, a tramóia em que um seu congénere se envolveu, mandando para as malvas o código deontológico da profissão?
Para alguns, não. E, segundo esses, é mesmo crime, pouco importando que, a montante, esteja uma conduta que todos recusam ser capazes de assumir para si mesmos.
Para outros, eu incluído, isso é serviço público. E, se fosse jornalista, concordaria ainda com outro argumento: o de não me querer confundir com aqueles que se arvoram em meros plantadores de notícias que terceiros fabricam.
Pode um jornal transcrever conversas telefónicas obtidas igualmente com infracção do segredo de justiça? Pode, e ainda aqui a culpa é das fontes. Os visados que se lixem, que importante é vender mais uns números, ou fazer fretes aos amigos do peito, que independência é coisa de somenos.
Pode um jornal desmascarar, com a divulgação de um e-mail, a tramóia em que um seu congénere se envolveu, mandando para as malvas o código deontológico da profissão?
Para alguns, não. E, segundo esses, é mesmo crime, pouco importando que, a montante, esteja uma conduta que todos recusam ser capazes de assumir para si mesmos.
Para outros, eu incluído, isso é serviço público. E, se fosse jornalista, concordaria ainda com outro argumento: o de não me querer confundir com aqueles que se arvoram em meros plantadores de notícias que terceiros fabricam.
Uma erecção natural espontânea…
Estas sugestões chegam de mansinho. Envelope fechado, tudo muito confidencial. Não vou questionar as razões que os levaram até mim. Mas não os chamei.
De qualquer modo, para quem interesse, as coisas podem passar-se assim: uma pílula às 21h00 e bastará aguardar pelas 21h30. Trinta minutos de grande ansiedade, imagino, mas, depois - é o que diz o folheto – eis uma erecção durante o tempo que se desejar, seja qual for a idade, seja qual for o nível de cansaço.
Logo à primeira toma, em 79% dos casos. Mas, previne o folheto, há que ser realista. Para quem tenha desistido do acto sexual há muito tempo, a erecção surgirá entre a segunda e a quarta toma. De tão científico, nem vale a pena perguntar por que não pode ser entre a segunda e a terceira.
E isto deve-se a quê? Pois ao facto da Blue-Pill (nome de baptismo da droga) conseguir compatibilizar todos os necessários componentes (minerais, vegetais, carotenóide, octosanol, antioxidantes…) no mesmo comprimido. O que nunca tinha acontecido até agora.
Carotenóide e octosanol? Claro! Não sei o que sejam, mas isso é fundamental. Doutro modo, para que trazê-los ao assunto?
O folheto só não explica, apesar de muito longo, o que se fazer perante uma dor de cabeça que surja, exactamente, naquela ansiosa meia hora entre a toma e o toca a marchar.
Mas não sejamos tão exigentes: a melhor droga não responde a tudo. Pode haver quem lhe ofereça resistências ou, doutro modo dito, quem se não ajeite, no momento certo, aos seus milagrosos efeitos.
De qualquer modo, para quem interesse, as coisas podem passar-se assim: uma pílula às 21h00 e bastará aguardar pelas 21h30. Trinta minutos de grande ansiedade, imagino, mas, depois - é o que diz o folheto – eis uma erecção durante o tempo que se desejar, seja qual for a idade, seja qual for o nível de cansaço.
Logo à primeira toma, em 79% dos casos. Mas, previne o folheto, há que ser realista. Para quem tenha desistido do acto sexual há muito tempo, a erecção surgirá entre a segunda e a quarta toma. De tão científico, nem vale a pena perguntar por que não pode ser entre a segunda e a terceira.
E isto deve-se a quê? Pois ao facto da Blue-Pill (nome de baptismo da droga) conseguir compatibilizar todos os necessários componentes (minerais, vegetais, carotenóide, octosanol, antioxidantes…) no mesmo comprimido. O que nunca tinha acontecido até agora.
Carotenóide e octosanol? Claro! Não sei o que sejam, mas isso é fundamental. Doutro modo, para que trazê-los ao assunto?
O folheto só não explica, apesar de muito longo, o que se fazer perante uma dor de cabeça que surja, exactamente, naquela ansiosa meia hora entre a toma e o toca a marchar.
Mas não sejamos tão exigentes: a melhor droga não responde a tudo. Pode haver quem lhe ofereça resistências ou, doutro modo dito, quem se não ajeite, no momento certo, aos seus milagrosos efeitos.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
A danação de Pacheco...
Vale a pena seguir o Pacheco no seu ABRUPTO. Coitado do homem. Tudo parece correr-lhe mal. O Presidente não fala quando, diz Pacheco, coisas graves terá para dizer e deveria dizer. Os jornais e as televisões não dão espaço à sua árdua campanha por Santarém. A máquina do PS tritura-o.
Depois, o banco do jardim de Santo Amaro ora tem gente, ora não tem, embora o tempo esteja sempre a passar por lá, coisa que não se sabe se agrada ou não Pacheco. A fixação no banco de jardim faz admitir o futuro próximo. Pacheco ali sentado, furibundo de tanta incompreensão, fazendo análises para insistir na tecla de sempre: tudo à volta está errado, a verdade, a sua, continua ali, sentada no banco a seu lado, confortando-o.
Pacheco inchou bem mais do que o que aparenta. Agora termina as notas com um “sempre quero ver se esta nota é citada”, como se ainda houvesse pachorra para lhe aturar as peneiras. Como se citar Pacheco não significasse apenas que nada mais haveria a ler.
Anda, Pacheco. Não amues. Deixa lá as birras. Verás que não custa nada. Depois, derrotas ou vitórias, são sempre matéria para crónicas e profundas análises. E haverá tolerância para tudo ser rotulado de culpado: o presidente, o banco do jardim, a asfixia, a indiferença de jornais e televisões. Tudo mesmo. Até a verdade que parece que já não é o que era. Excepto aquela que continuará ali ao lado, no banco do jardim sentada. Sempre fiel a Pacheco, e apenas a Pacheco.
Depois, o banco do jardim de Santo Amaro ora tem gente, ora não tem, embora o tempo esteja sempre a passar por lá, coisa que não se sabe se agrada ou não Pacheco. A fixação no banco de jardim faz admitir o futuro próximo. Pacheco ali sentado, furibundo de tanta incompreensão, fazendo análises para insistir na tecla de sempre: tudo à volta está errado, a verdade, a sua, continua ali, sentada no banco a seu lado, confortando-o.
Pacheco inchou bem mais do que o que aparenta. Agora termina as notas com um “sempre quero ver se esta nota é citada”, como se ainda houvesse pachorra para lhe aturar as peneiras. Como se citar Pacheco não significasse apenas que nada mais haveria a ler.
Anda, Pacheco. Não amues. Deixa lá as birras. Verás que não custa nada. Depois, derrotas ou vitórias, são sempre matéria para crónicas e profundas análises. E haverá tolerância para tudo ser rotulado de culpado: o presidente, o banco do jardim, a asfixia, a indiferença de jornais e televisões. Tudo mesmo. Até a verdade que parece que já não é o que era. Excepto aquela que continuará ali ao lado, no banco do jardim sentada. Sempre fiel a Pacheco, e apenas a Pacheco.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Depois dos "encontros da Aroeira" os encontros de Belém
• 17 de Abril de 2008 — Luís Filipe Menezes demite-se da liderança do PSD;
• 22 de Abril de 2008 — Manuela Ferreira Leite anuncia, em comunicado escrito enviado à Lusa, que é candidata à liderança do PSD;
• 23 de Abril de 2008, de manhã — Fernando Lima (porta-voz do Presidente da República) encontra-se com Luciano Alvarez (editor do Público), a pedido de Cavaco Silva, num café discreto da Avenida de Roma para “encomendar” uma notícia falsa e supostamente comprometedora para o Governo.
• Ainda a 23 de Abril de 2008 — Luciano Alvarez envia o e-mail a Tolentino de Nóbrega (correspondente do Público na Madeira), por forma a que a inventona de Belém parecesse ter sido desencadeada por Alberto João Jardim.
Então, só a rapaziada do Santana é que conspirava? Que tem Pacheco Pereira a dizer sobre isto?
In blog Câmara Corporativa
domingo, 20 de setembro de 2009
A denúncia do Provedor do Leitor, mentiroso segundo o seríissimo director Zé
"Na sequência da última crónica do provedor, instalou-se no PÚBLICO um clima de nervosismo. Na segunda-feira, o director, José Manuel Fernandes, acusou o provedor de mentiroso e disse-lhe que não voltaria a responder a qualquer outra questão sua.
No mesmo dia, José Manuel Fernandes admoestou por escrito o jornalista Tolentino de Nóbrega, correspondente do PÚBLICO no Funchal, pela resposta escrita dada ao provedor sobre a matéria da crónica e considerou uma “anormalidade” ter falado com ele ao telefone.
Na sexta-feira, o provedor tomou conhecimento de que a sua correspondência electrónica, assim como a de jornalistas deste diário, fora vasculhada sem aviso prévio pelos responsáveis do PÚBLICO (certamente com a ajuda de técnicos informáticos), tendo estes procedido à detecção de envios e reenvios de e-mails entre membros da equipa do jornal (e presume-se que também de e para o exterior). Num momento em que tanto se fala, justa ou injustamente, de asfixia democrática no país, conviria que essa asfixia não se traduzisse numa caça às bruxas no PÚBLICO, que sempre foi conhecido como um espaço de liberdade.
A onda de nervosismo, na verdade, acabou por extravasar para o próprio mundo político, depois de o Diário de Notícias ter publicado anteontem um e-mail de um jornalista do PÚBLICO para outro onde se revelava a identidade da presumível fonte de informação que teria dado origem às manchetes de 18 e 19 de Agosto, objecto de análise do provedor.
A fuga de informação envolvia correspondência trocada entre membros da equipa do jornal a propósito da crónica do provedor. O provedor, porém, não denuncia fontes de informação confidenciais dos jornalistas – sendo aliás suposto ignorar quem elas são –, e acha muito estranho, inexplicável mesmo, que outros jornalistas o façam. Mas, como quem subscreve estas linhas não é provedor do DN, sim do PÚBLICO, nada mais se adianta aqui sobre a matéria, retomando-se a análise suspensa há oito dias.
Em causa estavam as notícias dando conta de que a Presidência da República estaria a ser alvo de vigilância e escutas por parte do Governo ou do PS. O único dado minimamente objectivo que a fonte de Belém, que transmitiu a informação ao PÚBLICO, adiantara para substanciar acusação tão grave no plano do funcionamento do nosso sistema democrático fora o comportamento “suspeito” de um adjunto do primeiro-ministro que fizera parte da comitiva oficial da visita de Cavaco Silva à Madeira, há ano e meio.
As explicações eram grotescas – o adjunto sentara-se onde não devia e falara com jornalistas –, mas aceites como válidas pelos jornalistas do PÚBLICO, que não citavam qualquer fonte nessa passagem da notícia (embora tivessem usado o condicional).
A investigação do provedor iniciou-se na sequência de uma participação do próprio adjunto de José Sócrates, Rui Paulo Figueiredo, queixando-se de não ter sido ouvido para a elaboração da notícia, apesar de Tolentino de Nóbrega ter recolhido cerca de seis meses antes a sua versão dos factos.
O provedor apurou que na realidade Tolentino de Nóbrega, por solicitação de um dos autores da notícia, o editor Luciano Alvarez, já compulsara no Funchal, logo após a visita de Cavaco Silva, e enviara para a redacção informações que convergiriam com aquilo que Rui Paulo Figueiredo lhe viria a afirmar um ano depois (e que o correspondente entendeu não ter necessidade de comunicar a Lisboa, convencido de que o assunto morrera).
Esses dados, contudo, não haviam sido utilizados na notícia (foi por tê-lo dito na crónica que o provedor recebeu de José Manuel Fernandes o epíteto de mentiroso, não tendo recebido entretanto as explicações que logo lhe pediu).
O provedor inquirira José Manuel Fernandes e Luciano Alvarez sobre as razões dessa omissão mas não obtivera resposta.Quanto ao facto de não se ter contactado o visado para a produção da notícia, como preconiza o Livro de Estilo do PÚBLICO (“qualquer informação desfavorável a uma pessoa ou entidade obriga a que se oiça sempre ‘o outro lado’ em pé de igualdade e com franqueza e lealdade”), respondeu Luciano Alvarez ao provedor: “Ao fim do dia da elaboração da notícia, eu próprio liguei para Presidência do Conselho de Ministros, para tentar uma reacção de Rui Paulo Figueiredo, mas ninguém atendeu. Cometi um erro, pois deveria ter, de facto, ligado para São Bento, pois sabia bem que era aí que Rui Paulo Figueiredo habitualmente trabalhava, já que uma vez lhe tinha telefonado para São Bento para elaboração de outra notícia”.
Numa matéria desta consequência, em que se tornaria crucial ouvir o principal protagonista, o provedor regista a aparente escassa vontade de encontrar Rui Paulo Figueiredo, telefonando-se ao fim do dia (em que presumivelmente já não estaria a trabalhar) e para o local que o jornalista sabia ser errado. A atitude faz lembrar os métodos seguidos num antigo semanário dirigido por um dos actuais líderes políticos (que por ironia tinha por objectivo destruir politicamente Cavaco Silva, então primeiro-ministro), mas não se coaduna com a seriedade e o rigor de que deve revestir-se uma boa investigação jornalística.
Se o jornal já possuía a informação há ano e meio, porquê telefonar à figura central pouco antes do envio da edição para a tipografia? É um facto que Rui Paulo Figueiredo, segundo afirmou ao provedor, estava então de férias, mas isso não desculpa a insignificância do esforço feito para o localizar.Também José Manuel Fernandes reconheceu ao provedor “o erro de tentar encontrar Rui Paulo Figueiredo na Presidência do Conselho de Ministros e não directamente na residência oficial do primeiro-ministro”, acrescentando porém: “Tudo o mais seguiu todas as regras, e só lamentamos que os recados deixados a Rui Paulo Figueiredo não se tenham traduzido numa resposta aos nossos jornalistas, que teria sido noticiada de imediato, antes no envio de uma queixa ao Provedor – a resposta não impediria que se queixasse na mesma, mas impediu-nos de noticiar a sua posição e de lhe fazer mais perguntas”.
O provedor considera porém que nem “tudo o mais seguiu todas as regras”. As notícias do PÚBLICO abalaram os meios políticos nacionais, e o próprio primeiro-ministro as comentou considerando o seu conteúdo “disparates de Verão”. O assunto era pois suficientemente grave para o PÚBLICO, como o jornal que lançou a história, confrontar a sua fonte em Belém com uma alternativa: ou produzia meios de prova mais concretos acerca da suposta vigilância de que a Presidência da República era vítima (que nunca surgiram) ou teria de se concluir que tudo não passava de um golpe de baixa política destinado a pôr São Bento em xeque. Não tendo havido qualquer remodelação entre os assessores do Presidente da República nem um desmentido de Belém, era aliás legítimo deduzir que o próprio Cavaco Silva dava cobertura ao que um dos seus colaboradores dissera ao PÚBLICO.
Mais significativo ainda, o PÚBLICO teria indícios de que essa fonte não actuava por iniciativa própria, mas sim a mando do próprio Presidente – e essa era uma hipótese que, pelo menos jornalisticamente, não poderia ser descartada. Afinal de contas, o jornal até podia ter um Watergate debaixo do nariz, mas não no sentido que os seus responsáveis calculavam.
No prosseguimento da cobertura do caso, o passo seguinte do PÚBLICO deveria, logicamente, consistir em confrontar o próprio Presidente da República com as suas responsabilidades políticas na matéria.
Tendo o provedor inquirido das razões dessa inacção, respondeu José Manuel Fernandes: “O PÚBLICO tratou de obter um comentário do próprio Presidente, mas isso só foi possível quando este, no dia 28 [de Agosto], compareceu num evento em Querença previamente agendado, ao qual enviámos o nosso correspondente no Algarve. Refira-se que, quando percebemos que não conseguiríamos falar directamente com o Presidente para a sua residência de férias, verificámos a sua agenda para perceber quando ia aparecer em público, tendo notado que a notícia saíra da Casa Civil exactamente antes de um período relativamente longo em que o Presidente não tinha agenda pública”.
Em Querença, Cacaco Silva limitou-se porém a invocar “os problemas do país” e a apelar para “não tentarem desviar as atenções desses problemas”, tendo faltado a pergunta essencial: como pode o Presidente fazer declarações altruístas sobre a situação nacional e ao mesmo tempo caucionar (se não mesmo instigar) ataques abaixo da cintura lançados de Belém sobre São Bento? E, como qualquer jornalista político sabe, havia muitas maneiras de confrontar a Presidência da República com a questão e comunicar ao público a resposta (ou falta dela), não apenas andando atrás do inquilino de Belém.
Do comportamento do PÚBLICO, o provedor conclui que resultou uma atitude objectiva de protecção da Presidência da República, fonte das notícias, quanto aos efeitos políticos que as manchetes de 18 e 19 de Agosto acabaram por vir a ter. E isto, independentemente da acumulação de graves erros jornalísticos praticados em todo este processo (entre eles, além dos já antes referidos, permitir que o guião da investigação do PÚBLICO fosse ditado pela fonte de Belém), leva à questão mais preocupante, que não pode deixar de se colocar: haverá uma agenda política oculta na actuação deste jornal?
Noutras crónicas, o provedor suscitou já diversas observações sobre procedimentos de que resulta sempre o benefício de determinada área política em detrimento de outra – não importando quais são elas, pois o contrário seria igualmente preocupante.
Julga o provedor que não é essa a matriz do PÚBLICO, não corresponde ao seu estatuto editorial e não faz parte do contrato existente com os leitores. É pois sobre isso que a direcção deveria dar sinais claros e inequívocos. Não por palavras (pois a coisa mais fácil é pronunciar eloquentes declarações de isenção), mas sim por actos."
Publicada em 20 de Setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Um jornal de referência, agora bombo de festa...
Nota da Direcção Editorial do PÚBLICO
1. O “Diário de Notícias” escreveu hoje que um assessor do Presidente da República
“encomendou” uma notícia ao PÚBLICO sobre a hipótese de a Casa Civil da
Presidência estar sob escuta.
Encomenda, sem aspas. Basta ler o e-mail entre jornalistas do Público e divulgado hoje pelo DN.
2. Em Abril de 2008, com base em informações de uma fonte – cuja identidade é dever
de qualquer jornalista proteger –, o PÚBLICO iniciou uma investigação no sentido
de perceber a dimensão das suspeitas que sabíamos existirem no Palácio de Belém
relativamente à hipótese de membros da Casa Civil do Presidente da República
estarem a ser vigiados. Essa investigação não produziu efeitos imediatos, razão pela
qual o PÚBLICO nada escreveu sobre o assunto.
2. Em Abril de 2008, com base em informações de uma fonte – cuja identidade é dever
de qualquer jornalista proteger –, o PÚBLICO iniciou uma investigação no sentido
de perceber a dimensão das suspeitas que sabíamos existirem no Palácio de Belém
relativamente à hipótese de membros da Casa Civil do Presidente da República
estarem a ser vigiados. Essa investigação não produziu efeitos imediatos, razão pela
qual o PÚBLICO nada escreveu sobre o assunto.
Produziu efeitos. Basta ler a crónica do Provedor do Leitor do Público de domingo passado.
Só que tais conclusões não davam jeito à encomenda.
3. Entre Abril de 2008 e 18 de Agosto de 2009, jornalistas do PÚBLICO continuaram a
recolher informação sobre este tema e sobre os seus protagonistas. Esse trabalho, que
envolveu e envolve a consulta de fontes e de documentação, continua a ser realizado.
4. No fim-de-semana anterior à publicação da notícia, a 18 de Agosto de 2009, em que
titulávamos “Presidência suspeita estar a ser vigiada pelo Governo”, registaram-se
sinais de aumento da tensão entre a Presidência e o partido do Governo, com vários
dirigentes do PS a criticarem Belém.
3. Entre Abril de 2008 e 18 de Agosto de 2009, jornalistas do PÚBLICO continuaram a
recolher informação sobre este tema e sobre os seus protagonistas. Esse trabalho, que
envolveu e envolve a consulta de fontes e de documentação, continua a ser realizado.
4. No fim-de-semana anterior à publicação da notícia, a 18 de Agosto de 2009, em que
titulávamos “Presidência suspeita estar a ser vigiada pelo Governo”, registaram-se
sinais de aumento da tensão entre a Presidência e o partido do Governo, com vários
dirigentes do PS a criticarem Belém.
Os dirigentes limitaram-se a referir haver colaboração de assessores do PR na elaboração
do programa do PSD. É difícil ser claro? E que mal há nisso?
5. Foi neste quadro que, em contacto com um membro da Casa Civil do Presidente da
República, este assumiu estar autorizado a tornar pública a existência dessas
suspeitas, considerando mesmo que algumas declarações feitas nos dias anteriores o
levavam a interrogar-se, e citámos: “Será que em Belém passámos à condição de
vigiados?”
5. Foi neste quadro que, em contacto com um membro da Casa Civil do Presidente da
República, este assumiu estar autorizado a tornar pública a existência dessas
suspeitas, considerando mesmo que algumas declarações feitas nos dias anteriores o
levavam a interrogar-se, e citámos: “Será que em Belém passámos à condição de
vigiados?”
É bom que se diga estar o membro da Casa Civil autorizado. E apenas poderia
ser autorizado pelo PR. Agora este que assuma as consequências.
6. A existência deste tipo de suspeitas, assumidas formalmente, envolvendo o
Presidente da República e o Governo, é notícia em qualquer parte do mundo. E foi,
naturalmente, notícia no PÚBLICO, posteriormente confirmada por outros órgãos de
informação.
7. Como fica demonstrado, não se tratou de qualquer “encomenda”. O PÚBLICO tem
fontes, mas não são estas que ditam o que sai e quando sai no jornal. Neste caso
concreto, o PÚBLICO só publicou a notícia quando, após contacto com suas fontes,
um membro da Casa Civil do Presidente assumiu, nessa qualidade, a informação.
Essa ausência de promiscuidade na relação com as fontes também implica a
protecção da sua identidade, pelo que não podemos deixar de condenar a publicação
de um trabalho jornalístico sem qualquer dado novo para além da revelação
sensacionalista de uma pretensa fonte do PÚBLICO.
6. A existência deste tipo de suspeitas, assumidas formalmente, envolvendo o
Presidente da República e o Governo, é notícia em qualquer parte do mundo. E foi,
naturalmente, notícia no PÚBLICO, posteriormente confirmada por outros órgãos de
informação.
7. Como fica demonstrado, não se tratou de qualquer “encomenda”. O PÚBLICO tem
fontes, mas não são estas que ditam o que sai e quando sai no jornal. Neste caso
concreto, o PÚBLICO só publicou a notícia quando, após contacto com suas fontes,
um membro da Casa Civil do Presidente assumiu, nessa qualidade, a informação.
Essa ausência de promiscuidade na relação com as fontes também implica a
protecção da sua identidade, pelo que não podemos deixar de condenar a publicação
de um trabalho jornalístico sem qualquer dado novo para além da revelação
sensacionalista de uma pretensa fonte do PÚBLICO.
Ausência de promiscuidade? Então o Público aceita a encomenda, acompanhada
de dossier sobre a pessoa a investigar, e acha que isso não é promiscuidade?
Chama a isto jornalismo de referência?
8. O trabalho realizado pelos jornalistas Luciano Alvarez e São José Almeida, autores
dos artigos de 18 e 19 de Agosto, assim como Tolentino da Nóbrega, todos postos
em causa utilizando métodos inéditos em Portugal, obedeceu a critérios de rigor
comprovados ao longo de quase 20 anos de PÚBLICO.
dos artigos de 18 e 19 de Agosto, assim como Tolentino da Nóbrega, todos postos
em causa utilizando métodos inéditos em Portugal, obedeceu a critérios de rigor
comprovados ao longo de quase 20 anos de PÚBLICO.
Métodos inéditos? Qual quê? Acontece é que neste caso o Publico foi apanhado.
9. Na quinta-feira o PÚBLICO foi contactado pelo “Expresso” e pelo “Diário de
Notícias” para recolherem informações sobre o conteúdo de um e-mail que teria sido
trocado entre um editor e um jornalista há 17 meses. Juntamente com tal mensagem
encontrava-se uma troca de e-mails, todas realizadas esta semana, entre o director do
PÚBLICO e um jornalista sobre temas internos do jornal.
10. Nas respostas dadas sublinhou-se que no PÚBLICO se respeita o sigilo das fontes
como valor fundamental do jornalismo, pelo que aceitar discutir a veracidade de
qualquer desses documentos implicaria a violação deste dever de protecção.
Sublinhou-se também que a divulgação de qualquer dessas mensagens violaria
correspondência privada.
11. Imediatamente após o primeiro contacto para o PÚBLICO, foi aberto um inquérito
interno para tentar perceber como pode ter sido desviado um documento que apenas
circulara por e-mail, no interior do domínio do PÚBLICO e entre um grupo muito
pequeno de pessoas.
Notícias” para recolherem informações sobre o conteúdo de um e-mail que teria sido
trocado entre um editor e um jornalista há 17 meses. Juntamente com tal mensagem
encontrava-se uma troca de e-mails, todas realizadas esta semana, entre o director do
PÚBLICO e um jornalista sobre temas internos do jornal.
10. Nas respostas dadas sublinhou-se que no PÚBLICO se respeita o sigilo das fontes
como valor fundamental do jornalismo, pelo que aceitar discutir a veracidade de
qualquer desses documentos implicaria a violação deste dever de protecção.
Sublinhou-se também que a divulgação de qualquer dessas mensagens violaria
correspondência privada.
11. Imediatamente após o primeiro contacto para o PÚBLICO, foi aberto um inquérito
interno para tentar perceber como pode ter sido desviado um documento que apenas
circulara por e-mail, no interior do domínio do PÚBLICO e entre um grupo muito
pequeno de pessoas.
No entanto, JMF apressou-se a acusar os serviços secretos. Mas já se esqueceu.
12. Em função dos resultados desse inquérito, o PÚBLICO decidirá os procedimentos,
judiciais ou outros, a adoptar.
12. Em função dos resultados desse inquérito, o PÚBLICO decidirá os procedimentos,
judiciais ou outros, a adoptar.
Força!
A Direcção Editorial
A Direcção Editorial
No reino do delírio e da paranóia...
O tema é sério: trata-se de insinuações sobre eventuais escutas do governo à presidência da república, dois órgãos de soberania.
Depois, pelo menos à conta da imaginosa cabeça do director do Público, entram também na história os serviços de informação, ficando a história fica bem mais delicada, muito mais sensível.
Facto é que os fundamentos para esta salgalhada, que intervenientes rotulam de paranóia, datam de Abril de 2008 quando então se entendeu suspeitar de um membro do gabinete do PM integrado na comitiva oficial do PR em visita à RA da Madeira.
Sabe-se, pelo menos pelo que sobre o assunto deu a conhecer o Provedor do Público, na edição de domingo passado deste jornal, que as diligências então solicitadas ao correspondente daquele jornal na RA da Madeira deram em nada: não era possível acusar aquele elemento do gabinete do PM de ter estado onde não pudesse, nem de qualquer conduta que confirmasse as suspeitas que sobre ele foram engendradas.
Mas, apesar disso e decorridos 17 meses – em Agosto de 2009 - o Público, que não tinha visto confirmadas as suspeitas, retoma o assunto, por duas vezes, dando a saber que, segundo fontes anónimas de Belém, a PR admitia haver escutas sobre os seus assessores.
Nesta altura, depois de longo silêncio, Cavaco escudou-se por detrás dos mais importantes problemas do país. Como se estivéssemos perante uma questão menor.
E eis que o DN confirma – Louçã já o tinha afirmado – que a fonte anónima é, nem mais nem menos, que o assessor de imprensa do PR e seu colaborador cuja proximidade remonta já ao seu tempo de primeiro-ministro.
E que diz agora Cavaco? Não o “deixem-me trabalhar” de outros tempos, mas “deixem passar as eleições”, com o curioso pretexto de que se está perante uma questão político-partidária. Depois disso, e de forma discreta como diz ser seu timbre, procurará saber o que se passa com a segurança.
Depois, pelo menos à conta da imaginosa cabeça do director do Público, entram também na história os serviços de informação, ficando a história fica bem mais delicada, muito mais sensível.
Facto é que os fundamentos para esta salgalhada, que intervenientes rotulam de paranóia, datam de Abril de 2008 quando então se entendeu suspeitar de um membro do gabinete do PM integrado na comitiva oficial do PR em visita à RA da Madeira.
Sabe-se, pelo menos pelo que sobre o assunto deu a conhecer o Provedor do Público, na edição de domingo passado deste jornal, que as diligências então solicitadas ao correspondente daquele jornal na RA da Madeira deram em nada: não era possível acusar aquele elemento do gabinete do PM de ter estado onde não pudesse, nem de qualquer conduta que confirmasse as suspeitas que sobre ele foram engendradas.
Mas, apesar disso e decorridos 17 meses – em Agosto de 2009 - o Público, que não tinha visto confirmadas as suspeitas, retoma o assunto, por duas vezes, dando a saber que, segundo fontes anónimas de Belém, a PR admitia haver escutas sobre os seus assessores.
Nesta altura, depois de longo silêncio, Cavaco escudou-se por detrás dos mais importantes problemas do país. Como se estivéssemos perante uma questão menor.
E eis que o DN confirma – Louçã já o tinha afirmado – que a fonte anónima é, nem mais nem menos, que o assessor de imprensa do PR e seu colaborador cuja proximidade remonta já ao seu tempo de primeiro-ministro.
E que diz agora Cavaco? Não o “deixem-me trabalhar” de outros tempos, mas “deixem passar as eleições”, com o curioso pretexto de que se está perante uma questão político-partidária. Depois disso, e de forma discreta como diz ser seu timbre, procurará saber o que se passa com a segurança.
Coisas já claras:
Para o PR, uma questão de estado com esta sensibilidade e cujos factos - as escutas - a serem confirmados, deveriam conduzir à demissão imediata do PM, é uma mera questão político-partidária.
Por outro lado, o PR parece não ser capaz de, quanto a seu um colaborador tão próximo, confirmar ou desmentir o seu envolvimento em assunto de tamanha gravidade. Nem o fez em Agosto, nem o faz agora. E, se o vier a fazer mais tarde, já não será a tempo. Porque já não bastará demitir um colaborador, ficando o PR sem assumir, de forma muito consequente, as suas responsabilidades, demitindo-se também.
Recorde-se o ar sisudo, ameaçador mesmo, como o PR veio pedir explicações, em nome da transparência, quanto ao negócio PT / PRISA, exorbitando claramente das suas competências. E comparece-se isso com a negligência com que trata um assunto desta delicadeza, envolvendo instituições do estado.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
"Nem todos os católicos são enfandonhos...". Quanto a MFM, sei lá!
Dona Mena é um espanto. Neste texto, a propósito do livro "Ortodoxia" de G.K. Cherteston, lá temos as suas pequenas vaidades pessoais, os seus dramas existenciais.
Mas o que me levou a dar-lhe destaque, é o que sublinho abaixo.
Para uma historiadora, investigadora, não está nada mal a conclusão de que os católicos podem, pelo facto de o serem, não ser inteligentes, com uma natural excepção da Mãe, que nenhuma culpa tem dos disparates da filha.
Claro que ela preveniu-se a tempo. Deixou de pensar em Deus, e agora é o que se sabe. Uma suma inteligência.
Não sou crente, por isso não me peçam indulgência ou caridade cristã para os disparates de quem só se distingue por coisas assim. Há quem lhe chame pedantismo.
E um pormenor: Mónica dá a entender que encontrou a "Ortodoxia", de novo traduzida. E que sobre ela decidiu escrever o texto.
Só que existe uma estranha coincidência: quem edita "Ortodoxia" edita também as suas obras. A Zita não perde uma oportunidade. E so amigos são para as ocasiões. Que duas!
"[...]
Só em 1962, quando vivi em Londres durante alguns meses, descobri que existiam protestantes, judeus e muçulmanos. Poderia ter aproveitado para aderir ao anglicanismo – isso, sim, um gesto original –, mas, uma vez que estava em rota de colisão com Deus, o melhor, concluí, era deixar de pensar n'Ele.Quando regressei à pátria, continuei a ler os livros que havia lá por casa. À mistura com obras que sabia interditas, como as de André Gide, Óscar Wilde e Bertrand Russell, compradas com a minha «semanada», lia o que estava nas estantes da sala. Apesar de católica, a minha mãe era inteligente, não se contentando em dirigir a lida da casa. Em grande medida, a minha iniciação literária foi feita à base dos escritores que ela admirava, A. J. Cronin, François Mauriac e G. K. Chesterton. Do primeiro, pouco me ficou, além de um punhado de mineiros; do segundo, umas velhas provincianas; G.K. Chesterton saiu vitorioso. Reli a sua Ortodoxia com prazer. Estou certa que a outros, católicos ou ateus, acontecerá o mesmo. Não deixe que o livro se perca entre as capas que efemeramente ornamentam as estantes das nossas livrarias."
Público, 15-09-09
Pacheco ao seu nível...
Pacheco, no decurso de arruada em Santarém, afirmou achar vergonhosa a referência feita por João Soares ao passado de MFL como administradora não executiva do Santander. Aliás, o termo utilizado por Pacheco foi quadro do Santander, como se todos fossem parvos.
Ora todos conhecem as reacções de Pacheco no que respeita a Pina Moura, Jorge Coelho e outros. E, nesse caso, estive com ele. As mudanças, os aproveitamentos, foram uma vergonha.
Mas que diferença há quanto a uma senhora que, ao ser administradora não executiva, dá a perceber que, no caso, não era o mérito profissional que está em causa? Que explicou então o convite do Santander, para lugar de “aparece e passa pelo caixa”?
Há quem fale de um favor fiscal a propósito da reestruturação do grupo Totta, de que surge o Santander. Mas isso é apenas uma boca, valendo o que vale.
Ora todos conhecem as reacções de Pacheco no que respeita a Pina Moura, Jorge Coelho e outros. E, nesse caso, estive com ele. As mudanças, os aproveitamentos, foram uma vergonha.
Mas que diferença há quanto a uma senhora que, ao ser administradora não executiva, dá a perceber que, no caso, não era o mérito profissional que está em causa? Que explicou então o convite do Santander, para lugar de “aparece e passa pelo caixa”?
Há quem fale de um favor fiscal a propósito da reestruturação do grupo Totta, de que surge o Santander. Mas isso é apenas uma boca, valendo o que vale.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Tem cada vez menos Graça, este Moura comentador...
Um intelectual de reconhecidos méritos, como poeta, como tradutor, bem poderia evitar comentar com um registo que deve envergonhar o Pacheco Pereira.
E a Lídia Jorge a perder tempo com o troglodita e com um outro com passado ligado à Ponte Vasco da Gama... como se fossem capazes, enquanto comentadores, do seu nível, da sua honestidade intelectual.
"A louraça legítima" do ternurento MEC
«A minha mulher começou a andar de peruca e está de tal forma uma brasa que os próprios sobrinhos, quando lhes mandei uma fotografia da tia, responderam-me com "kem és tu?", pensando que era alguma gaja gira a meter-se com eles. "They should be so lucky", como diria um judeu americano. A peruca é japonesa e hi-tech e já me está a tramar a vida. Não é por me sentir culpado por cobiçar a mulher de outrem. Como sou eu o outrem, até é sexy.
São os outros que pensam, quando me vêem com ela na nova peruca, que, mal descobri que tinha um cancro, arranjei outra. Houve um cozinheiro, muito nosso amigo, que chorou quando nos viu, sentados na nossa mesa do costume, a namorar. Disse ele: "E eu que gostava tanto do Sr. Miguel!" Como é tão boa pessoa como bom cozinheiro, até faz esparregado para ela, já que a quimioterapia altera um bocado os gostos.
Mas, quando o empregado lhe pediu, para além dos carapaus, um esparregado para nós os dois, ele atirou a colher ao chão e gritou: "Eu para essa não faço esparregado! Só faço para a Sra. Maria João!"
Como quem diz: este adúltero não só deixa a mulher, mal ela adoece, como tem a lata de pedir, para as amásias, os petiscos que aliviam a doença da legítima!
Começam a tratar-me mal. Eu faço questão de dizer, a todos que passam por mim, "Esta é a minha mulher, calma!" Mas na estrada é difícil.
E ela não ajuda, porque diz sempre: "Deixa-te de fitas, querido. Tu sempre odiaste a tua mulher..." »
São os outros que pensam, quando me vêem com ela na nova peruca, que, mal descobri que tinha um cancro, arranjei outra. Houve um cozinheiro, muito nosso amigo, que chorou quando nos viu, sentados na nossa mesa do costume, a namorar. Disse ele: "E eu que gostava tanto do Sr. Miguel!" Como é tão boa pessoa como bom cozinheiro, até faz esparregado para ela, já que a quimioterapia altera um bocado os gostos.
Mas, quando o empregado lhe pediu, para além dos carapaus, um esparregado para nós os dois, ele atirou a colher ao chão e gritou: "Eu para essa não faço esparregado! Só faço para a Sra. Maria João!"
Como quem diz: este adúltero não só deixa a mulher, mal ela adoece, como tem a lata de pedir, para as amásias, os petiscos que aliviam a doença da legítima!
Começam a tratar-me mal. Eu faço questão de dizer, a todos que passam por mim, "Esta é a minha mulher, calma!" Mas na estrada é difícil.
E ela não ajuda, porque diz sempre: "Deixa-te de fitas, querido. Tu sempre odiaste a tua mulher..." »
Público, 11-11-09
E reproduzo lembrando a São, o Mário e a Catarina.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Antes a Padeira de Aljubarrota, lendária mas autêntica, que uma mera cópia
Brites de Almeida teria nascido em Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.
Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.
Brasão da freguesia de Prazeres de Aljubarrota, com a pá de Brites no escudo.
Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.
Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.
Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.
Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.
Brasão da freguesia de Prazeres de Aljubarrota, com a pá de Brites no escudo.
Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.
Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.
Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.
In Wikipedia
Ouviste bem, Zé?
- Ainda há poucos dias um empresário, Jorge Bleck, disse que havia pressões sobre os empresários. O jornal do grupo Sonae [o Público] é visto por José Sócrates como um jornal de campanha, pelo que pergunto se sente pressões. Os quadros da Sonae queixam-se de que o Público lhes estraga os negócios?
Pergunta de Graça Franco ou de José Manuel Fernandes ao Engenheiro Belmiro que respondeu:
- Primeiro todos os que me conhecem sabem bem que não exerço nem nunca exerci qualquer pressão editorial sobre o Público. Não sei se é bom, se é mau, acho que o jornal deve procurar os melhores jornalistas e fazer o melhor jornalismo…
Pergunta de Graça Franco ou de José Manuel Fernandes ao Engenheiro Belmiro que respondeu:
- Primeiro todos os que me conhecem sabem bem que não exerço nem nunca exerci qualquer pressão editorial sobre o Público. Não sei se é bom, se é mau, acho que o jornal deve procurar os melhores jornalistas e fazer o melhor jornalismo…
Zé! Então toca a procurar. Patrão falou. Recado está dado. Ele quer os melhores, não deverá estar satisfeito.
E já agora: não é apenas Sócrates que tem o Público como jornal de campanha. Muitos mais têm essa opinião. Olhando o resto da entrevista, até o patrão, e só isso justifica que não lhe aplique o Schumpeter...
Ver Público de 12-09-09
Diga lá, Excelência
- A política deve ser criar um melhor ambiente para todas as empresas ou apoiar as que têm dificuldade?
perguntaram Graça Franco e José Manuel Fernandes à Excelência Belmiro de Azevedo que lhes respondeu assim:
- Apoiar essas empresas seria contrariar Schumpeter: uma empresa que não tem futuro não dever ser apoiada. Se é má, nunca mais tem solução; uma perna podre tem que ser amputada.
perguntaram Graça Franco e José Manuel Fernandes à Excelência Belmiro de Azevedo que lhes respondeu assim:
- Apoiar essas empresas seria contrariar Schumpeter: uma empresa que não tem futuro não dever ser apoiada. Se é má, nunca mais tem solução; uma perna podre tem que ser amputada.
Com esta pergunta idiota, o Zé – ou foi uma partida da Graça? - parece querer arrumar com o Público, olhando a pipa de massa em resultados negativos acumulados.
A menos que a Excelência faz uma excepção schumpeteriana. Fará?
Ver Público de 12-09-09
Ver Público de 12-09-09
domingo, 13 de setembro de 2009
"Portugal não é uma província de Espanha", afirma quem sabe...
Ex-ministra das Finanças de Durão Barroso aceita convite
Manuela Ferreira Leite na administração do Santander
09.02.2006 - 19h04 PÚBLICO
A ex-ministra das Finanças de Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, vai fazer parte da administração do banco Santander em Portugal, confirmou a própria ao PÚBLICO.“Aceitei o convite” para integrar a administração do Santander, disse Ferreira Leite, sublinhando que irá ocupar um cargo “não executivo”.O convite foi endereçado à antiga ministra das Finanças “há já alguns dias”.
Manuela Ferreira Leite na administração do Santander
09.02.2006 - 19h04 PÚBLICO
A ex-ministra das Finanças de Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, vai fazer parte da administração do banco Santander em Portugal, confirmou a própria ao PÚBLICO.“Aceitei o convite” para integrar a administração do Santander, disse Ferreira Leite, sublinhando que irá ocupar um cargo “não executivo”.O convite foi endereçado à antiga ministra das Finanças “há já alguns dias”.
Não é uma província? Claro que não é. Mas eu gostava de ouvir isto em 2006 e não ontem, no debate com Sócrates.
E, já agora, tratando-se de lugar não executivo - o que vale dizer que não estavam em causa os particulares méritos profissionais, de gestora - que razões levaram o Santander a formalizar o convite que Manuela Ferreira Leite aceitou? Para que quereriam os espanhóis do Santander a ex-ministra na sua administração, se não era para executar?
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Uma tragédia...
Nuns fugidios momentos dedicados à transladação dos restos mortais de Jorge Sena, a locutora de serviço do telejornal da 13 da RTP1 limitou-se a citar como obras “Sinais de Fogo” e “O Indesejado”, este como livro de poesia.
Pois é…
“O Indesejado”, embora em forma de verso, é uma peça de teatro, uma tragédia. E, de poesia, Sena tem diversos livros publicados, havendo por onde escolher. Sem grande esforço.
Pois é…
“O Indesejado”, embora em forma de verso, é uma peça de teatro, uma tragédia. E, de poesia, Sena tem diversos livros publicados, havendo por onde escolher. Sem grande esforço.
"Eu não posso senão ser / desta terra em que nasci"
Jorge Sena
CARTA A MEUS FILHOS
Sobre os fuzilamentos de Goya
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
Sobre os fuzilamentos de Goya
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos os erros
que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Até tu, Pedro!
"Vitória rotunda
O debate de hoje já não pareceu um combate para se ganhar só "aos pontos", como os outros e como vem sendo cada vez mais frequente...Foi mesmo para se decidir por KO. E José Sócrates ganhou bem, tendo conduzido eficientemente o debate e não tendo tido qualquer pejo em continuar a "socar" o seu adversário onde ele se revelou mais frágil.Foi interessante de ver como o "feitiço foi virado contra o feiticeiro". Há muito tempo que digo e escrevo isto mesmo. Era preciso perguntar aos que só atacam, por aquilo que verdadeiramente defendem. José Sócrates fê - lo muito bem."
Pedro Santana Lopes, no seu blog. (aqui http://pedrosantanalopes.blogspot.com/2009/09/vitoria-rotunda.html)
Fica-lhe bem, como que lhe dá um ar de estadista, de político equidistante. Mas atenção: ele anda por aí.
Nelita e Jerónimo
Há que tributar fortemente os lucros, afirmava ele.
Que não, porque a taxa de 42% já é excessiva e que, com taxas elevadas, ninguém investe, retorquia a Nelita. E por quatro vezes se ouviu afirmar ser 42% a taxa sobre os lucros das empresas, quando essa é a taxa máxima do IRS.
Jerónimo não aproveitou a gafe (?) da Nelita ou, sabe-se lá, também não saberia que a taxa máxima do IRC é de apenas 25%.
Que não, porque a taxa de 42% já é excessiva e que, com taxas elevadas, ninguém investe, retorquia a Nelita. E por quatro vezes se ouviu afirmar ser 42% a taxa sobre os lucros das empresas, quando essa é a taxa máxima do IRS.
Jerónimo não aproveitou a gafe (?) da Nelita ou, sabe-se lá, também não saberia que a taxa máxima do IRC é de apenas 25%.
Os alinhamentos…
“As autoridades inglesas têm provas que confirmam o pagamento de “luvas” no âmbito do licenciamento do outlet de Alcochete, noticiou ontem o Correio da Manhã.
Ainda segundo o Correio da Manhã, não foram recolhidos movimentos suspeitos nem sobre José Sócrates nem sobre os seus familiares. (…)”
E onde se pode ler isto?
Numa coluna à esquerda e ao fundo de uma página par do Público de 09-09-2009.
E isto faz-me lembrar a ira do Pacheco Pereira contra os alinhamentos da RTP. Pacheco, que escreve no Público, não deve ter reparado nisto. Nunca repararia. O Público, fosse outra a conclusão, teria isto na primeira página, caixa alta.
E, já agora: o Público tinha antes abordado o caso na sua edição on-line, omitindo o que respeitava a Sócrates. E ainda: de forma conveniente, ninguém quis subscrever a notícia no Público. Cerejo e quejandos devem estar ainda de férias.
Ainda segundo o Correio da Manhã, não foram recolhidos movimentos suspeitos nem sobre José Sócrates nem sobre os seus familiares. (…)”
E onde se pode ler isto?
Numa coluna à esquerda e ao fundo de uma página par do Público de 09-09-2009.
E isto faz-me lembrar a ira do Pacheco Pereira contra os alinhamentos da RTP. Pacheco, que escreve no Público, não deve ter reparado nisto. Nunca repararia. O Público, fosse outra a conclusão, teria isto na primeira página, caixa alta.
E, já agora: o Público tinha antes abordado o caso na sua edição on-line, omitindo o que respeitava a Sócrates. E ainda: de forma conveniente, ninguém quis subscrever a notícia no Público. Cerejo e quejandos devem estar ainda de férias.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Não quero que vos falte nada… menos ainda os milagres a céu aberto
Por isso dou conta aqui do que consta de uma isca de papel que me foi dada à entrada de uma estação do metro, hoje.
É que está marcada, para o dia 19 de Setembro, a “cruzada de poder e milagres a céu aberto” (sic), na Fonte Luminosa – Alameda – Lisboa.
Como aperitivo, lê-se em tal isca de papel “A sua vida e a dos seus familiares tem sido atingida por: toxicodependência, doenças incuráveis, desejo de suicídio, alcoolismo, depressão, discussões constantes, infidelidade, desunião, falta de amor…”. As reticências dão para o que se queira acrescentar. Recorra à imaginação, à sua experiência de vida.
E é para combater tais males que é anunciada a tal cruzada.
Pormenor delicioso é que se escreve, no final da isca de papel “Escreva no verso deste folheto qual o milagre que você deseja para a sua vida e traga neste dia, onde milagres e maravilhas acontecerão”.
Milagres a pedido – mas atenção que não estão garantidos – só mesmo nesta cruzada.
E quem assina? Claro: a Universal Igreja do Reino de Deus, Deus que não terá sido ouvido nem achado, pelo que nisto não se vê que assuma qualquer responsabilidade.
Toca agora a agendar, a menos que já se dispensem os milagres, à distância de um clique, à escolha do beneficiário e a céu aberto. Quanto a este, nada se informa sobre as condições meteorológicas, não vá registar-se milagre que trame as previsões.
Boa sorte!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Cooperação estratégica?
O supremo magistrado, sobre o que se diziam ser escutas feitas pelo governo aos seus assessores, preferiu despachar o caso com a afirmação de que não está interessado em que se desviem as atenções dos sérios problemas do país.
Para ele, haver ou não escutas, é coisa de somenos.
Quanto ao afastamento da Manuela Moura Guedes, já se mostrou preocupado na defesa de uma das conquistas do 25 de Abril, a liberdade de expressão ou de informação.
Ora, Cavaco tem obrigação de conhecer os temas – escutas e liberdade de expressão e informação – bem antes do 25 de Abril, época em que nada se conhece sobre as posições que sobre elas teria, embora se desconfie.
Agora, as escutas são desvalorizadas, porque não tem a coragem de as desmentir e proceder em conformidade, puxando as orelhas aos assessores. Mas não só: sabe em que sentido o mal foi feito e faz uma opção muito clara, preferindo deixar a dúvida instalada.
Quanto à defesa da liberdade de expressão ou de informação, nos termos e contexto em que o fez, apontou igualmente para o mesmo sítio. Também aqui como se pudesse invocar pergaminhos superiores aos de tantos que nada por elas fizeram no passado.
Para ele, haver ou não escutas, é coisa de somenos.
Quanto ao afastamento da Manuela Moura Guedes, já se mostrou preocupado na defesa de uma das conquistas do 25 de Abril, a liberdade de expressão ou de informação.
Ora, Cavaco tem obrigação de conhecer os temas – escutas e liberdade de expressão e informação – bem antes do 25 de Abril, época em que nada se conhece sobre as posições que sobre elas teria, embora se desconfie.
Agora, as escutas são desvalorizadas, porque não tem a coragem de as desmentir e proceder em conformidade, puxando as orelhas aos assessores. Mas não só: sabe em que sentido o mal foi feito e faz uma opção muito clara, preferindo deixar a dúvida instalada.
Quanto à defesa da liberdade de expressão ou de informação, nos termos e contexto em que o fez, apontou igualmente para o mesmo sítio. Também aqui como se pudesse invocar pergaminhos superiores aos de tantos que nada por elas fizeram no passado.
Nada como dizer a verdade…
“É um dos maiores atentados à liberdade de informação em Portugal depois do 25 de Abril”
disse Aguiar-Branco, segundo cita o Público.
E diz bem: “um dos”. Porque há, pelo menos, o caso ocorrido com Marcelo Rebelo de Sousa, envolvendo também a administração da TVI de então, e que é do seu tempo de ministro da Justiça de Santana Lopes. Quanto a este caso, dúvidas não existem sobre a pressão do governo santanista para que se corresse com Marcelo.
Na altura, como todos recordarão – embora a história o não registe - Aguiar-Branco esteve contra aquele atentado, com a mesma cara de pessoa séria e tom grave que agora exibe. Já então apenas a verdade o guiava.
disse Aguiar-Branco, segundo cita o Público.
E diz bem: “um dos”. Porque há, pelo menos, o caso ocorrido com Marcelo Rebelo de Sousa, envolvendo também a administração da TVI de então, e que é do seu tempo de ministro da Justiça de Santana Lopes. Quanto a este caso, dúvidas não existem sobre a pressão do governo santanista para que se corresse com Marcelo.
Na altura, como todos recordarão – embora a história o não registe - Aguiar-Branco esteve contra aquele atentado, com a mesma cara de pessoa séria e tom grave que agora exibe. Já então apenas a verdade o guiava.
domingo, 6 de setembro de 2009
“Chegou a Hora da Verdade” (cartaz do PSD)
Pedro Santana Lopes era orador convidado na convenção nacional autárquica do PSD. Mas faltou.
“Foi devido a um problema que teve. Tem a ver com a agenda de campanha dele. Não há leitura política nenhuma a fazer. Problemas de agenda, apenas”, afirmou Castro Almeida, coordenador autárquico do PSD.
Que raio de coordenador é este que convida e inscreve como orador quem não está disponível? E foi isso? Verdade?
A presidente do partido também não foi ao Chão da Ladeira porque engripou, e logo naquele dia. Gripe que também só engoliu quem quis.
Como ir ao Mundial da África do Sul sem um milagre?
“O Ronaldo não é bom na cama. Tem um órgão sexual pequenino e nunca chegava à quarta vez. Deixava-se dormir”.
Isto afirmou Nereida Gallardo ao programa espanhol “Donde estás corazón”, onde compareceu a troco de uns míseros 100 mil euros e, ao que parece, depois de Ronaldo a ter desprezado à entrada de uma discoteca em Palma de Maiorca.
Que tem isto a ver com a ida ao Mundial da África do Sul? Talvez muito, ou não doessem os murros no ego com isso de não se ser bom na cama e de se ter um órgão sexual pequenino. Depois, se se exigem quatro ou mais na cama aos nossos seleccionados, que sobra para, no campo, levar de vencida os adversários?
Isto afirmou Nereida Gallardo ao programa espanhol “Donde estás corazón”, onde compareceu a troco de uns míseros 100 mil euros e, ao que parece, depois de Ronaldo a ter desprezado à entrada de uma discoteca em Palma de Maiorca.
Que tem isto a ver com a ida ao Mundial da África do Sul? Talvez muito, ou não doessem os murros no ego com isso de não se ser bom na cama e de se ter um órgão sexual pequenino. Depois, se se exigem quatro ou mais na cama aos nossos seleccionados, que sobra para, no campo, levar de vencida os adversários?
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Os efeitos placebo dos códigos deontológicos, a começar pelo meu
Um dia, decidi estabelecer um código deontológico para mim mesmo. Não sou menos que os outros.
No seu ponto primeiro impus a mim mesmo isto: “Não utilizarei palavrões”.
Eis que, no entanto, quando nada mais me ocorria que escrever, em certa circunstância, “estou-me cagando para o assunto”, dou com a palavra cagando sublinhada a encarnado.
Olá! Que será isto? Meditei, meditei e dei comigo a concluir que estava a infringir o meu código deontológico. Mas porra, só aquela frase fazia sentido. Mas que é isto? Tenho porra também sublinhada a encarnado.
Espera lá!
No seu ponto primeiro impus a mim mesmo isto: “Não utilizarei palavrões”.
Eis que, no entanto, quando nada mais me ocorria que escrever, em certa circunstância, “estou-me cagando para o assunto”, dou com a palavra cagando sublinhada a encarnado.
Olá! Que será isto? Meditei, meditei e dei comigo a concluir que estava a infringir o meu código deontológico. Mas porra, só aquela frase fazia sentido. Mas que é isto? Tenho porra também sublinhada a encarnado.
Espera lá!
E se me acomodar com a lei, será que esta me proíbe o cagando e a porra?
Maravilha!
Maravilha!
Depois de tanto consultar verifico ter a lei do meu lado, não me proibindo o uso de palavrões.
Sendo assim, como não seguir a tal tirada do Pina Moura quando afirmou que para ele a ética republicana é a lei?
E foi assim que passei a cagar-me para o meu código deontológico. E se nem sou jornalista ou coisa assim, para que estar preocupado com certas limitações?
Ah! Mas mantenho o código em vigor, que isso dá prestígio. Não vou prescindir do meu código, tomem nota.
De facto, o Presidente do Sindicato dos Jornalistas afirma estar à-vontade para contestar a decisão da administração da TVI porque, antes, condenou a MMG por comportamento nada condizente com o estatuto deontológico dos jornalistas.
Ora, se tais condenações não têm consequências, se é possível continuar a exercer a actividade com permanentes infracções ao código, porque não me cagar eu também para o meu, ainda que insista em mantê-lo em vigor?
E vou mantê-lo mesmo. Que gente coisa é outra fina.
Sendo assim, como não seguir a tal tirada do Pina Moura quando afirmou que para ele a ética republicana é a lei?
E foi assim que passei a cagar-me para o meu código deontológico. E se nem sou jornalista ou coisa assim, para que estar preocupado com certas limitações?
Ah! Mas mantenho o código em vigor, que isso dá prestígio. Não vou prescindir do meu código, tomem nota.
De facto, o Presidente do Sindicato dos Jornalistas afirma estar à-vontade para contestar a decisão da administração da TVI porque, antes, condenou a MMG por comportamento nada condizente com o estatuto deontológico dos jornalistas.
Ora, se tais condenações não têm consequências, se é possível continuar a exercer a actividade com permanentes infracções ao código, porque não me cagar eu também para o meu, ainda que insista em mantê-lo em vigor?
E vou mantê-lo mesmo. Que gente coisa é outra fina.
Código quê? Isso é para jornalistas, eu sou a MMG!
Os jornalistas portugueses regem-se por um Código Deontológico que aprovaram em 4 de Maio de 1993, numa consulta que abrangeu todos os profissionais detentores de Carteira Profissional. O texto do projecto havia sido preliminarmente discutido e aprovado em Assembleia Geral realizada em 22 de Março de 1993.
1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
2.O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
3.O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.
4.O jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.
5.O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas. O jornalista deve também recusar actos que violentem a sua consciência.
6.O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
7.O jornalista deve salvaguardar a presunção da inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8.O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9.O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10.O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses.
Nada como lembrar, sobretudo ao Presidente do Sindicato
O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas considera reprovável o desempenho da jornalista Manuela Moura Guedes na condução do "Jornal Nacional - 6ª", na sequência da discussão que a apresentadora teve em directo com o bastonário da Ordem dos Advogados.
"Consideramos esta forma de estar no jornalismo e de fazer jornalismo reprovável", afirmou o presidente do Conselho Deontológico (CD), Orlando César, em declarações à Lusa."O Conselho Deontológico não pode deixar de reprovar o desempenho de Manuela Moura Guedes na condução do 'Jornal Nacional - 6.ª feira' e concitar a própria e a direcção da TVI ao cumprimento dos valores éticos da profissão", refere o órgão em comunicado hoje divulgado. Numa reunião realizada hoje, os membros do CD analisaram a emissão de 22 de Maio do "Jornal Nacional", em que a jornalista Manuela Moura Guedes e o bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, tiveram uma discussão em directo. "Analisámos apenas este caso, que constitui um avolumar de situações e nos levou a tomar uma posição. Além disso, recebemos pedidos de pareceres e queixas de jornalistas e telespectadores", explicou Orlando César.Os membros do CD analisaram, de acordo com o presidente, "questões de profissionalismo e aspectos éticos da profissão, o que deve ser a função de quem é pivot de um telejornal". "Considera-se inaceitável que, para além de outros aspectos, na apresentação das notícias, o jornalista confunda factos e opiniões e se exima da responsabilidade de comentar as notícias com honestidade", refere o comunicado, acrescentando ainda que "os pivôs devem estar claramente conscientes de qual o seu papel, se o de 'entertainer' ou o de jornalista, não devendo confundir o conflito e o espectacular com a importância das notícias". Para os membros do CD, os jornalistas que conduzem telejornais, "devem abster-se de introduzir apartes, comentários, expressões e recorrer à linguagem não oral, susceptíveis de conotarem e contaminarem o conteúdo informativo, comprometendo a própria isenção dos profissionais que, conjuntamente, trabalham naquele espaço de informação".Na nota, o CD sublinha ainda que os jornalistas "não podem substituir a acutilância pela agressividade", e devem "permitir que os seus entrevistados expressem os seus pontos de vista com serenidade e não sejam apenas convidados a participar num espectáculo de enxovalho, em que eles são as vítimas".
A Lusa tentou obter uma reacção da jornalista que apresenta o Jornal Nacional de 6ª, mas até ao momento tal não foi possível.
Notícia publicada pela Agência Lusa
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