quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Nem todos os católicos são enfandonhos...". Quanto a MFM, sei lá!


Dona Mena é um espanto. Neste texto, a propósito do livro "Ortodoxia" de G.K. Cherteston, lá temos as suas pequenas vaidades pessoais, os seus dramas existenciais.
Mas o que me levou a dar-lhe destaque, é o que sublinho abaixo.
Para uma historiadora, investigadora, não está nada mal a conclusão de que os católicos podem, pelo facto de o serem, não ser inteligentes, com uma natural excepção da Mãe, que nenhuma culpa tem dos disparates da filha.
Claro que ela preveniu-se a tempo. Deixou de pensar em Deus, e agora é o que se sabe. Uma suma inteligência.
Não sou crente, por isso não me peçam indulgência ou caridade cristã para os disparates de quem só se distingue por coisas assim. Há quem lhe chame pedantismo.
E um pormenor: Mónica dá a entender que encontrou a "Ortodoxia", de novo traduzida. E que sobre ela decidiu escrever o texto.
Só que existe uma estranha coincidência: quem edita "Ortodoxia" edita também as suas obras. A Zita não perde uma oportunidade. E so amigos são para as ocasiões. Que duas!
"[...]
Só em 1962, quando vivi em Londres durante alguns meses, descobri que existiam protestantes, judeus e muçulmanos. Poderia ter aproveitado para aderir ao anglicanismo – isso, sim, um gesto original –, mas, uma vez que estava em rota de colisão com Deus, o melhor, concluí, era deixar de pensar n'Ele.Quando regressei à pátria, continuei a ler os livros que havia lá por casa. À mistura com obras que sabia interditas, como as de André Gide, Óscar Wilde e Bertrand Russell, compradas com a minha «semanada», lia o que estava nas estantes da sala. Apesar de católica, a minha mãe era inteligente, não se contentando em dirigir a lida da casa. Em grande medida, a minha iniciação literária foi feita à base dos escritores que ela admirava, A. J. Cronin, François Mauriac e G. K. Chesterton. Do primeiro, pouco me ficou, além de um punhado de mineiros; do segundo, umas velhas provincianas; G.K. Chesterton saiu vitorioso. Reli a sua Ortodoxia com prazer. Estou certa que a outros, católicos ou ateus, acontecerá o mesmo. Não deixe que o livro se perca entre as capas que efemeramente ornamentam as estantes das nossas livrarias."
Público, 15-09-09

2 comentários:

Anaquariana disse...

Dá-me ideia que esse ar sobranceiro que ela tem não é mais do que uma defesa. É que ela sente-se atacada em todas as frentes, especialmente masculinas. Vá se lá saber porquê...
Acho-a uma mulher inteligente apesar de não concordar com tudo o que defende.

Milu - miluzinha.com disse...

Nunca me havia passado pelo pensamento que os católicos não fossem inteligentes, ou que o fossem menos, do que os não católicos. Aliás, nem tão-pouco sou capaz de descortinar de onde esta senhora terá retirado esta conclusão. Se em vez de inteligência tivesse referido espírito crítico, ainda vá... Mas para isso tanto faz ser católico como outra coisa qualquer.
E quanto à conversa de comprar livros com dinheiro da própria mesada, deve ter comprados tantos como eu, que não comprava nenhum. Pois se a biblioteca estava cheio deles. Mas há sempre coisas que fica bem dizer.