terça-feira, 29 de setembro de 2009

“A vitória histórica”, proclamava Fernando Rosas


Porque se tirou a maioria ao PS, objectivo primeiro de quem quer congregar, à sua volta, a esquerda legítima, a pura, a autêntica esquerda.
E, contra a arrogância de Sócrates, já arrogantemente Louçã falava como PM: “Hoje à noite Maria de Lurdes Rodrigues perdeu o lugar”, adiantando que agora era possível criar um imposto sobre as grandes fortunas para financiamento da Segurança Social. Deve ter sido por isso que não felicitou quem ganhou. A vitória entrou-lhe pela porta dentro, embriagando-o.
A euforia dava para tudo, menos para ver que o PP o ultrapassava pela direita. E permitindo cenários em que o BE se torna dispensável.
É que não serve para fazer maioria com o PS, melhor dito: não dá para chantagear o PS. E vamos ver para que serve a histórica vitória a não ser para continuar a luta, aliando-se agora à direita que não conseguiu derrotar de forma consequente, para combater a esquerda que rejeita, porque apenas eles são a esquerda.

2 comentários:

Anaquariana disse...

"Não há pensamento político português, se assim me posso exprimir. A prática política está inteiramente subordinada à economia e os grandes interesses desenvolveram potencialmente, uma espécie particular de niilismo cujos resultados, já de si inquietantes, serão, inevitavelmente e a curto prazo, fatais."
Baptista-Bastos

'Os portugueses, navegam frequentemente entre a ilusão, a morrinha, a saudade e o esquecimento. Mas desta vez, parece que, quebrada a confiança, não houve como reconquistá-la.
José Sócrates governou mal e o povo português não esqueceu. José Sócrates não tem um espírito de consensos, não transige, não cede, não é diplomata. Nunca demonstrou ter a habilidade política para governar com acordos pontuais, nem à direita nem à esquerda.
Vamos ver agora. Por mim, não é difícil adivinhar!...
Desculpa Azereiro mas é a minha opinião.
Saudações Democráticas
Um abraço

A. Moura Pinto disse...

E as opiniões respeitam-se, Ana.
Sócrates poderia ter governado melhor? Poder – no sentido em que alguns querem – podia. Mas não seria a mesma coisa.
Facto é que ganhou de novo, embora com perda da maioria absoluta. E pôs-se a jeito para isso, com as reformas na educação, na saúde, na segurança social. Afrontando interesses corporativos instalados. Levando com uma crise económica em cima. E, já agora, com exploração, desde há muito, de temas que, objectivamente, nada têm a ver com o seu desempenho enquanto PM, por importantes que sejam. Mas que, muito claramente, eram mais ataques pessoais que à sua governação.
O povo decidiu, está decidido. Vai ser melhor assim? Eu temo que não. Sobretudo porque, para alguns, os votos nunca servirão, pelo menos por agora, para se chegarem à frente, provando que o que sugerem é exequível. Quando hoje se tem como emblema de esquerda um programa de nacionalizações, quando os demónios culpados da nossa situação são o Amorim e o José Eduardo dos Santos, é caso para admitir que muito voto se perdeu.
Eu afirmo-me à canhota… mas temo que a actual correlação de forças obrigue a muitas cedências à direita. Que nisto vale mais o realismo que os excelentes discursos.
Mas o povo decidiu, decidido está.