Não há muito, a saída para a reforma dos professores, com culpas atribuídas à política ME, eram motivo de alarme para os sindicatos do sector e, particularmente, para a Fenprof. Porque lá iam os mais capazes, os mais competentes, ficando fora das escolas a experiência tão necessária.
Agora, um grupo de professores reformados apresenta uma proposta ao ME. Porque querem continuar a ser úteis: no apoio aos alunos em salas de estudos, no funcionamento das bibliotecas, na formação de pessoal docente e não docente, no planeamento e realização de formação para pais.
O ME aceita estudar, admitindo que tal possa ser concretizando em regime de voluntariado.
Qual quê? Nem pensar, clama a Fenprof. Argumentos? Isso devia competir aos profissionais no activo. Por outro lado, a iniciativa é economicista – onde é que já ouvi isto? - e remete os mais jovens para o desemprego.
Ora, para além daquelas tarefas estarem, claramente, sobretudo ao alcance dos mais velhos, o regime de voluntariado não permite substituir os profissionais por voluntários.
Agora, um grupo de professores reformados apresenta uma proposta ao ME. Porque querem continuar a ser úteis: no apoio aos alunos em salas de estudos, no funcionamento das bibliotecas, na formação de pessoal docente e não docente, no planeamento e realização de formação para pais.
O ME aceita estudar, admitindo que tal possa ser concretizando em regime de voluntariado.
Qual quê? Nem pensar, clama a Fenprof. Argumentos? Isso devia competir aos profissionais no activo. Por outro lado, a iniciativa é economicista – onde é que já ouvi isto? - e remete os mais jovens para o desemprego.
Ora, para além daquelas tarefas estarem, claramente, sobretudo ao alcance dos mais velhos, o regime de voluntariado não permite substituir os profissionais por voluntários.
8 comentários:
A respeito de "coerências", gostaria de deixar um comentário. Segundo li recentemente, a Fenprof está contra a implementação do exame de acesso à carreira docente. O argumento, segundo li também (num post do De Rerum Natura), é que, não estando igualmente preparadas (a nível pedagógico-científico) todas os estabelecimentos de ensino superior (sobretudo as ESEs e instituições privadas),seria injusto submeter a um exame os candidatos à docência. Bom, parece-me que isto é lamentável. Desde logo, porque a fenprof está a afirmar, explicitamente, que muitos professores estão mal preparados, isto é, que não estariam em condições de se submeter a um exame. (Eu penso que os professores merecem ter quem os defenda melhor...) Por outro lado, também dá que pensar o pressuposto de que aquele que pretende ser professor é uma espécie de "produto final" de uma determinada instituição de ensino, e que saberá unicamente aquilo que lhe é transmitido por essa instituição. Não se assume, portanto, que aquele que pretende ensinar tenha, por sua vez, um profundo gosto por aprender e que, por essa razão, procure preparar-se o melhor que pode. Novamente, creio que isto não é a melhor imagem dos professores, e dos futuros professores, que a fenprof está a transmitir.
Uma vez mais, a Fenprof faz das suas!
Então não é que os malandros dos sindicalistas estão contra um eventual trabalho voluntário dos professores nas escolas?
Com uma agravante: tal voluntariado surge porque “um grupo de professores reformados apresenta uma proposta ao ME”!
Não vou questionar a orientação política dos proponentes porque não acho bem fazer algo que eu condene, ainda que nem todos façam como eu.
Ao ler a notícia na página 10 do DN de 03 de Fevereiro, vejo que nela consta – para além da posição contrária do Sindicato de Professores da região centro e do Sindep – várias declarações de professores na pré-reforma ou na reforma contra esta medida em estudo no ME.
Aqui chegado pergunto:
1 - Onde está a opinião da Fenprof?
2 – Dando de barato que a Fenprof seja contra, naturalmente, não seria curial publicar também as opiniões, contrárias, dos professores?
Mas não é isso que interessa, não é verdade?
O que importa mesmo é denegrir, a todo o custo, os sindicatos ( ou partir-lhes a espinha, como alguém, da área do PS, disse ) que depois “educarão”, com toda a calma, os professores para que estes digam ámen a tudo o que provém do ME.
Quanto aos professores reformados que fizeram a dita proposta, um dias destes ainda os ouvirei dizer, decerto em tom de lamúria “Deixem-nos trabalhar!”.
Mário
Eu li o Público de 03-02-2009, pág 9.
Citação: " A Fenprof criticou aquela iniciativa noticiada pela agência noticiosa Lusa, considerando que aquelas actividades "deveriam ser da responsabilidade dos professores no activo" e que a medida, "economicista", poderá "remeter para o desemprego jovens professores". "
No Público mais ninguém é citado como estando contra.
Claro que podes minimizar a posição da Fenprof sobre a matéria ou querer dar-lhe mesmo a mesma importância que atribuis a uns professores na pré-reforma (isto desconheço na função pública)ou não reforma.
Mas eu não ignoro os apelos da Fenprof na defesa da escola pública e, para mim, isto vai no sentido contrário. Mesmo não sendo a verdade, é a minha opinião.
A propósito deste comentário, e porque se fala em "coerências", não seria importante o Ministério da Educação se preocupasse com a qualidade do que é ensinado nas ESE?
Ou será que é mais fácil deixar tudo como está e aplicar mais um exame aos candidatos à docência?
Ou será que, isso sim, o preferível mesmo é dar mais "uma bicada" na Fenprof?
É que abordar este assunto apenas por um dos lados e deixar de fora o verdadeiro responsável pela situação pode ser muita coisa, mas séria não será com certeza.
Já agora, um exame serve para aferir os conhecimentos e não para ensinar sejam quem for.
E se no referido exame chumbasse a maioria dos candidatos?
O passo seguinte seria o baixar dos critérios de modo a que algo mude para que tudo continue na mesma?
Se o ME está mesmo preocupado com a qualidade dos professores só tem um caminho a percorrer: É criar meios para que as ESE cumpram a sua função, com rigor e não escudar-se (apenas) num qualquer exame de admissão.
O lado positivo deste assunto é que todos começamos e entender melhor a actuação de quem manda neste País. Com professores tão medíocres, dos homens e das mulheres por eles formados não se poderia esperar grande coisa, de facto.
Mário
A propósito do teu comentário, mas não do assunto do blog:
Sabes quem tutela as ESEs? Sabes quem são os proprietários das ESEs, pelo menos daquelas que, de tão questionadas quanto à sua qualidade de ensino, obrigaram o ME a ter que admitir um exame como condição para o acesso á profissão?
E, já agora, aquilo que muitos designam por autonomia universitária não te diz nada?
Será que admites intromissões do ME nas ESEs à margem da lei? Ou haverá alguma lei que o permita?
Depois, não existem outras profissões que obrigam a exame ou estágio?
Não acompanhaste o que se passou entre a Ordem do Engenheiros e algumas escolas superiores privadas quando ameaçou não reconhecer as habilitações de algumas destas últimas, sabendo-se que não basta o curso mas tb a inscrição na ordem?
Mesmo noutras actividades, sem exigência de habilitações de nível superior, as empresas não recorrem a testes, a estágios, como condição para a integração nos quadros?
Se chumbassem todos os candidatos, achas tu que tudo se manteria na mesma? Que as ESEs, enquanto responsáveis, não arrepiariam caminho ou não deixariam espaço para outras que quisessem exercer melhor a função? Ou o melhor é não exigir exames para que tudo se mantenha na mesma?
E, já agora: quando é que viste a Fenprof preocupada com isso? Quem faz o discurso de que todos são igualmente competentes e, como tal, devem ser remunerados por igual? Quem é contra a avaliação que permita separar o trigo do joio, quando tu admites haver professores "tão medíocres"? Quem os tem defendido? O ME?
Armando
Neste meu comentário quis frisar a coerência, ou a falta dela, da comentadora em questão e tentei argumentar nesse sentido.
Não sou contra os exames mas sou muito mais a favor de que se obriguem as Universidades ou as ESE, neste caso, a produzir um trabalho de qualidade.
Quando referes as leis ou a autonomia universitária como um entrave à actuação do governo, convém que não esqueças de quem fez essas leis. Decerto que as mesmas não foram elaboradas pelas universidades, privadas ou não.
Se, como tu dizes e eu acredito, o governo não pode interferir neste estado de coisas e a Fenprof – ou alguém por ela – continuar a ser contra esses exames, como vamos ficar?
Vamos esperar que o número de professores chumbados seja muito elevado, correndo o risco de, a exemplo do que se passa com a classe médica, um dia destes verificarmos que não há professores que cheguem?
Bem sei que esta hipótese é algo absurda mas não é impossível.
Uma vez que fazes um paralelismo entre a admissão dos professores na Carreira Docente e a exigência da Ordem dos Engenheiros, penso que não seria de todo mal pensado se, em vez de focares as luzes apenas sobre a Fenprof, tivesses em conta que estas entidades não se misturam e que se houvesse um sindicato de engenheiros que tivesse a força da Fenprof decerto que também protestaria, sem que aqui esteja a fazer um juízo da justeza desse protesto.
Reafirmo que tentei apenas comentar o comentário anterior.
Mário
Se és a favor de um trabalho de qualidade por parte das ESEs, não vejo por que temer os exames de acesso à profissão. Para mim, é aqui que se pode testar a qualidade. Sem prejuízo de outras alternativas.
A questão não está nas leis. Eu apenas referi que não há lei alguma que permita a intervenção nas ESEs no sentido que pretendes. A tutela do ensino superior – que não compete ao ME – também não pode ir a tudo, isto é, não pode evitar a eventual falta de qualidade do ensino ministrado, o eventual facilitismo reinante nalgumas escolas. E nestas estão escolas privadas, como podes confirmar pela reacção do Instituto Piaget e do Instituto Superior de Ciências Educativas ao que foi delas dito pelo SE Jorge Pedreira.
A tutela, face aos currículos dos cursos ministrados e dos professores indicados, mais não faz que aceitar que o ensino prossiga. Se depois, em matéria de qualidade e exigência nem tudo está conforme, é coisa que só se sabe… pelos frutos.
Quanto a sindicatos e ordens, uma precisão necessária: uma ordem exerce poderes públicos por delegação e disso tem que prestar contas. A sua actividade não se confunde com a dos sindicatos. Aquela tem, por exemplo, poder legítimo para atribuir carteiras profissionais, para fixar a deontologia da profissão. Antigamente respeitavam sobretudo a profissões liberais – médicos, advogados, engenheiros, arquitectos… - e que, enquanto tais, não se organizavam por sindicatos, pois estes são organizados por trabalhadores por conta de outrem e têm como principais cuidados negociar a contratação colectiva e as tabelas salariais. As ordens não se ocupam destas matérias. Por isso, hoje os médicos têm a ordem para se ocupar das matérias delegadas pelo poder e os sindicatos para lidar com o patrão. Mas os sindicatos, enquanto associações livres, não têm poderes delegados pelo estado e podem existir ou não. Se não houvesse ordens, teria que ser o estado, por si, a exercer as competências delegadas nas ordens. Esta diferença é substancial.
Quanto aos engenheiros, eles que se organizem. Mas temos diversos sindicatos entre os engenheiros, para além da ordem. Eles saberão porque preferem mais que um sindicato. E se fosse um e protestasse? Ou se em vez de sindicatos tivéssemos uma frente, assim como que uma Freng? O protesto é tão livre, como livre é a opção de não lhe ligar. Ou teria que me vergar perante um protesto? Só faltava.
A comparação que fazes, admitindo a chumbaria, entre professores e médicos, não faz sentido. Isto pelo número de desocupados ou desempregados que tens numa e noutra profissão e por uma outra razão: os médicos – infelizmente – lá têm conseguido limitar o acesso, por razões meramente corporativas, à profissão. Entre os professores não é assim. Todos os anos as escolas colocam cá fora milhares que “preferem” o ensino. Por isso, admitindo que não sejam todos os iguais, o chumbo a 100% é um exagero, como cenário.
2MOPINTO, percebo aquilo que sugere ao perguntar «não seria importante que o Ministério da Educação se preocupasse com a qualidade do que é ensinado nas ESEs?». Creio que ninguém pode responder de forma negativa (não é uma questão de coerência, mas de bom senso), nem eu pretendi fazê-lo no meu comentário. Admito que só destaquei a posição de um dos lados mas fi-lo porque não vejo, por ora, uma incompatibilidade entre a melhoria da qualidade nas instituições de ensino (e aqui, claro, haverá muitos pontos para debater, como A. Moura Pinto também já sublinhou; não se trata de "criar meios", porque, desde logo, há instituições de ensino com ofertas curriculares muito diferentes) e a implementação de um exame de acesso. A meu ver, mesmo que se "melhore" a qualidade, é preciso testar.
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