“No final de 2009, ou no início de 2010, toma posse o Governo X que resultou de eleições legislativas meses antes. Um longo processo de formação do governo explica-se pelo facto de se tratar de um governo minoritário, que pode apenas contar com uma maioria parlamentar que resulta de um acordo político precário, com franjas políticas instáveis, obtido a muito custo com intervenção directa do Presidente da República em nome do “interesse nacional”. É uma espécie de “governo de salvação nacional” sem que ninguém o sinta com legitimidade para tal, que resultou de uma campanha eleitoral muito radicalizada, envolvendo suspeitas sobre o primeiro-ministro anterior que a conclusão de um inquérito judicial foi incapaz de dissipar. O grau de confiança dos portugueses nos políticos e em instituições como a justiça está nos seus mínimos históricos e ninguém acredita em ninguém.”
“Exercício de futuro próximo com base na lei de Murphy”
José Pacheco Pereira, Público de 14-02-09
“Exercício de futuro próximo com base na lei de Murphy”
José Pacheco Pereira, Público de 14-02-09
O texto continua, com anúncio de todas as desgraças - para Pacheco, são pão para a boca -, mas basta isto.
O historiador Pacheco – é na qualidade de historiador que se assume como cronista no Público - dá-se ares de quem anuncia o futuro, sentado no seu pedestal de analista sério, isento, distanciado. E de mãos limpas, angélicas.
Convém aqui lembrar a frequência com que Pacheco pede para que o não tomem por parvo. Claro que esta preocupação em não querer passar por parvo o deveria fazer pensar pois, só por si, já diz muito. Mas Pacheco não se dá conta disso. Porque claramente pretende que os outros o sejam, pelo menos o suficiente, de modo a que o tomem por alheio a uma campanha radicalizada e a uma outra que não gosta de ver chamada de negra.
E, se bem o lermos e ouvirmos, também nada esta figura tem a ver com o grau de confiança nos políticos e nas instituições e que finge lamentar.
Mas a maior sacanice de Pacheco é admitir que o resultado do inquérito judicial venha a ser o que de modo algum deseja – e como isso lhe dói! - mas sem que, no entanto, dissipe as suspeitas sobre o primeiro-ministro, especialmente as dele. Porque estão bem sustentadas na incontrolável raiva que tem ao primeiro-ministro, raiva acrescida por ver ruir a aposta que fez quanto à liderança do seu partido.
A história só não corará de vergonha com historiadores assim, porque não se ocupa da arte da adivinhação, de bruxarias e afins. Nem da falta de vergonha.
Diz-se que Salazar consultava videntes e encomendava horóscopos. Hoje, a partir da sua visão divina sobre o bem e o mal, encomendaria crónicas que anunciassem o futuro, tal qual o desejava.
E a quem? A Pacheco, obviamente.
1 comentário:
O que Pacheco Pereira e restante «malta» do PSD não dizem (ou não querem, por enquanto dizer) é que o PSD é um Partido em vias de extinção. De alguns anos a esta parte tem vindo a ser esvaziado do seu conteúdo e de qualidade de protagonistas. Completamente oco de ideias, assenta a sua estratégia no ataque pessoal ao actual PM, ao seu apêndicie nasal, esquecendo que, outrora tiveram um Lider (esse sim) que igualmente foi vitima de vis ataques pessoais e cujo apêndice nasal era merecedor de respeito (sem ser necessário ampliar). Só espero que o final da história seja diferente.
Enviar um comentário