domingo, 15 de fevereiro de 2009

Público - Jornalismo ou chafurdice?

Com chamada na primeira página, Clara Viana escreve no Público de 14 de Fevereiro sobre o caso Freeport.
Depois dos títulos – “Justiça As relações de investigadores e investigados no processo que envolve José Sócrates” e “O mundo pequeno do caso Freeport” – seguem-se os percursos ou funções, actuais ou passadas, para o que interessa a Clara Viana, de Cândida Almeida, Coordenadora do DCIAP, José Lopes da Cruz, procurador-geral adjunto, ex-secretário de estado da Justiça de Guterres, alvo de inquérito por pretenso envolvimento no caso de Fátima Felgueiras, inquérito arquivado por falta de provas, António Santos Alves, magistrado do MP, ex-inspector do Ambiente, representante português no Eurojust, Fernanda Palma, professora catedrática, membro do Conselho Superior do MP, nomeada pelo ministro da Justiça, casada com o actual ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, com tutela, por delegação de competências do primeiro-ministro, no que respeita ao SIS, Júlio Pereira, procurador-geral adjunto, coordenador do SIS e do SIED, Carlos Alexandre, juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, actual titular do caso Freeport e que terá manifestado suspeitas de ter estado sob escuta.
Retomo do título “investigadores e investigados no processo que envolve José Sócrates” e pasmo porque, se consigo admitir que haja entre os visados quem investigue, ou deva investigar, não percebo quem, entre eles, esteja a ser investigado no caso Freeport. Aliás, Clara Viana, dispensa-se de informar o que quer que seja. E o desplante é tal que, para nisto envolver Cândida Almeida, apenas nos consegue recordar que a magistrada integrou a comissão de honra da Candidatura de Mário Soares.
O seu – de Clara Viana – director explode quando se fala de campanha negra. E tendo a concordar com ele porque, a isto, se chama jornalismo da chafurda em que alguns teimam em se atolar, imitando o comportamento de cevados. Estes, brancos ou pretos – não negros – fazem-no instintivamente. Outros invejam-nos e procuram imitá-los, mas não inocentemente. Porque pulhice é pulhice.
"Clarinha e as pombas", que recordo da minha primária, não tinha por cenário a chafurda. Mas os tempos mudam. Alguns preferem hoje "Clarinha e os porcos". Bom proveito.

1 comentário:

MFerrer disse...

Tem razão. aliás tem toda a razão para se indignar.
O que pergunto é se não há limites legais apra a chafurdice? Nem para o ataque ao bom nome de pessoas sobre quem nada há a pontar? Já não falo de presunção de inocência. Falo de presunção de direito à personalidade!
Isto está a ultrapassar os meios legítimos. Isto é terrorismo!
MFerrer