sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O início do caso Freeport - tudo boa gente... II

Carta a implicar Sócrates no caso Freeport é de militante do CDS
LICÍNIO LIMA ,
Diário de Notícias de 25-04-07
Aqui http://dn.sapo.pt/2007/04/25/sociedade/carta_a_implicar_socrates_caso_freep.html

Zeferino Boal combinou com inspector o envio da denúncia para a PJ

Zeferino Boal, militante do CDS/PP e candidato à presidência da Câmara de Alcochete nas últimas eleições autárquicas, é o autor da denúncia anónima que originou a investigação da Polícia Judiciária (PJ) em volta do caso Freeport, em 2004. José Sócrates é apontado neste processo como estando envolvido na alteração, em 2002, da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPE), enquanto ministro do Ambiente, permitindo a construção daquele empreendimento de Alcochete. Em troca, o PS teria recebido dinheiro para subsidiar a campanha eleitoral para as legislativas daquele ano.A revelação foi feita pelo inspector da PJ Elias Torrão, da directoria de Setúbal, que ontem começou a ser julgado no 6.º juízo dos Tribunais Criminais de Lisboa, por violação de segredo de justiça e de funcionário.Contou Elias Torrão que as informações sobre alegados crimes de corrupção e de participação económica em negócio, envolvendo José Sócrates no caso Freeport, chegaram através de Boal, presidente da concelhia do CDS/PP de Alcochete. No seguimento, informou os superiores hierárquicos, que o terão aconselhado a convencer Boal a escrever uma carta anónima com as denúncias. O que foi feito em Outubro de 2004. A missiva chega à PJ de Setúbal, dirigida a Torrão, e dá origem a um pré-inquérito de averiguações.Em Janeiro de 2005, Armando Carneiro, presidente da administração da Euronoticias, proprietária da revista Tempo, junta na sua casa de Aroeira o inspector Torrão, o antigo chefe de gabinete de Santana Lopes Miguel Almeida, o advogado José Dias, que trabalhou no escritório de Rui Gomes da Silva, ex-ministro adjunto e ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo de Santana Lopes, e o jornalista Vítor Norinha. Segundo Torrão, todos eram seus informadores. Realizou-se, depois, outra reunião com a inspectora Carla Gomes, titular do processo.À parte deste depoimento, o DN sabe que um dos participantes daquele reunião fez chegar à PJ vários documentos. Um deles foi o diploma do Conselho de Ministros do governo de Guterres que aprovou a alteração do ZPE. A data surge posterior às eleições ganhas por Durão Barroso, e antes da posse deste.Depois daquelas reuniões, regressando ao depoimento de Torrão, começaram as buscas da PJ, nomeadamente ao Freeport e à Câmara de Alcochete, em Fevereiro de 2005. O escândalo rebentou uma semana antes das eleições ganhas por Sócrates.Elias Torrão está acusado de ter entregue a um jornalista um planeamento operacional daquele processo relativo à busca realizada a 9 de Fevereiro às instalações da SAE - Sociedade Europeia de Aquacultura.Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o receptor do documento foi o jornalista da revista Tempo, Vítor Norinha, tendo chegado uma cópia do mesmo ao jornal O Independente - sem que se apurasse como - que o divulgou. Por isso, são também arguidos, com o inspector, a então directora do semanário, Inês Serra Lopes, e o jornalista, autor da notícia, Francisco Teixeira. Vítor Norinha foi ouvido como testemunha, embora a inquirição tenha durado mais de três horas - um tempo muito superior ao que, no total, foi gasto no interrogatório aos três arguidos.O julgamento continua sexta-feira, enquanto prosseguem as investigações do caso Freeport. Boal não quis prestar esclarecimentos.

1 comentário:

Milu - miluzinha.com disse...

Agora sou eu que digo, mas a propósito do caso Freeport: - Isto vai dar merda! Há pelos vistos muita gente envolvida no caso! A política é um grande úbere! Só vejo quem goste de mamar!