segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O livro

Ao primeiro olhar, é um objecto físico, artístico, que toco, apalpo, que cheiro. Ainda não é acto, apenas o início do prazer. Mas quando o toco, o cheiro, o olho, experimentamos a mútua sedução.
Penetro-o folheando-o, ao ritmo da absorção das palavras. Que identifico, retenho, repito. Por vezes afagando-o e, consentidamente, esquadrinhando-o, dobrando-o, riscando-o, anotando-o, apertando-o.
E não me importo de ser um mero releitor. Porque nenhum autor me impede de habitar diferentemente esta solidão povoada de palavras, esta bem diferente solidão a dois. O autor agora somos nós.
Por isso, agora é connosco. Ao autor serão alheios as emoções, os sonhos, o despertar dos sentidos, este prazer conseguido no ócio criativo de reler.
Em qualquer lugar. No tempo que haja.
Foto amp

2 comentários:

spring disse...

Caro A. Moura Pinto!
O livro é aquele amigo em que se pode confiar, alguém que nos oferece momentos únicos,nesta nossa passagem pelo mundo, com ele navegamos para terras longínquas, conhecemos personagens que nos fascinam e quando nos apaixonamos por um autor ou uma obra, são muitas as vezes em que ao longo da vida, retomamos a sua leitura. Gosto de ter o livro na mão, olhar a sua capa e partilhar com ele o prazer da leitura.
Abraço
Rui Luís Lima

Alien David Sousa disse...

Moura, adorei este texto. Sei que tiveste uma trabalheira para chegar a 2010 e por esse motivo tinha de te vir conhecer. Há quem diga ou dizia que com o aparecimento da Internet e com a disponibilidade dos livros on line os "desgraçados" dos livros de papel iriam morrer. Nada poderia ser mais estúpido.Tal como tu, adoro o cheiro dos livros, dos antigos e, daqueles acabadinhos de comprar. Gosto de os poder manusear, de os levar para onde quero e, tudo isto não posso fazer pela Internet. Muito menos sublinhar uma passagem que adorei.O prazer de ter um livro nas nossas mãos não é comparável a nada que nos possam apresentar como substituição.

Saudações alienígenas