“No fundo ficou provado que em Portugal são raros os que se mantêm fiéis aos seus princípios e numerosos os que preferem adaptar-se aos tempos que correm, gracejando ou desculpando-se, conforme for mais conveniente.
Vivemos os anos que vivemos num regime autoritário, e vivemos esses anos todos com uma oposição bem mais anémica do que seria natural, porque já éramos assim. E porque muitos acham que ter princípios é ser dogmático e sectário, quando exactamente é o contrário: quem tem princípios sabe guiar-se em terrenos pantanosos sem sacrificar o essencial, quem não os tem apenas sabe ser autoritário ou servil em função das conveniências do momento.”
Vivemos os anos que vivemos num regime autoritário, e vivemos esses anos todos com uma oposição bem mais anémica do que seria natural, porque já éramos assim. E porque muitos acham que ter princípios é ser dogmático e sectário, quando exactamente é o contrário: quem tem princípios sabe guiar-se em terrenos pantanosos sem sacrificar o essencial, quem não os tem apenas sabe ser autoritário ou servil em função das conveniências do momento.”
Citação do editorial de 30-12-08, a propósito da declaração do PR sobre o Estatuto dos Açores.
Ufa!
Alguém percebeu alguma coisa?
Bom, uma coisa ficou assente, com esta tirada do inenarrável José Manuel Fernandes, director do Público. Ele, que assim escreve, deve ser uma das raras pessoas – raras como escreve – que têm princípios. Não faria qualquer sentido que, escrevendo o que escreve, não se auto-incluí-se entre as raras pessoas que têm princípios.
Mas de que princípios falamos? Não sabemos, mas seguramente que são os dele, com óbvia exclusão dos princípios dos outros. Aliás, terão os outros princípios, quando JMF fala de uns raros que têm princípios, permitindo a conclusão que os outros os não têm?
Mas admitamos que os outros – os tais que, não sendo raros, são, consequentemente, a maioria – também (Concede, JMF? Sim? Obrigado!) têm princípios. Como sair daqui? Quais os princípios mais cotados? E avaliam-se como?
Este jogo é lixado.
Porque só se pode concluir que JMF é um homem com princípios. E pessoa rara, porque raros são os homens com princípios.
Por outro lado, a maioria, não tem princípios. E de novo ficamos lixados, porque na ignorância do que perde a maioria sem os princípios de JMF.
Esta queda para o vanguardismo é, de certeza, um princípio que lhe ficou de outros temos. Os outros, serão afins?
Imagem caçada no blog Ecos da Falésia
1 comentário:
A experiência ensinou-me que, aqueles que se arrogam de princípios, raramente os têm! É caso para citar, "Gaba-te cesto roto, logo vais à vindima"! As palavras leva-as o vento, o que fica são as acções!
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